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Há 136 anos, em 15 de novembro de 1889, o Brasil deixava de ser um império governado por Dom Pedro II e passava oficialmente para o regime republicano. O ato, liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, derrubou a monarquia e inaugurou uma nova fase política, conhecida como Primeira República ou “República Velha”.
Naquele momento, o país era bem diferente do Brasil que conhecemos hoje. A capital ainda era o Rio de Janeiro, que só perderia esse posto para Brasília em 1960. A população brasileira girava em torno de 14,3 milhões de habitantes, segundo o primeiro censo da República, realizado em 1890. Hoje, o Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas, o que mostra o tamanho da transformação demográfica ao longo de pouco mais de um século.
A economia também vivia outra realidade. A moeda oficial era o real, no plural “réis”, muitas vezes usada na forma “mil-réis” para representar valores mais altos. Esse padrão monetário atravessou o período colonial, o Império e as primeiras décadas da República, sendo substituído apenas em 1942 pelo cruzeiro – muito antes do “real” moderno que usamos hoje, criado em 1994.
Politicamente, a mudança também foi profunda. O primeiro líder dessa nova fase foi o próprio marechal Deodoro da Fonseca, que assumiu como chefe do Governo Provisório logo após a queda da monarquia e depois se tornou o primeiro presidente da República, escolhido de forma indireta. A ideia era romper com o poder concentrado na figura do imperador e criar um Estado baseado em instituições republicanas, com uma Constituição própria, separação de poderes e maior autonomia para os estados.
Mas é importante lembrar que a Proclamação da República não foi um movimento popular. A maior parte da população sequer participou do processo. A decisão de derrubar a monarquia nasceu principalmente entre militares, fazendeiros, intelectuais e setores urbanos que queriam um novo modelo de país. Mesmo assim, aquele 15 de novembro abriu a porta para debates que continuam até hoje: quem manda no Brasil, como o poder é distribuído e qual é o espaço real de participação do povo nas decisões.
De lá pra cá, o Brasil atravessou golpes, ditaduras, novas Constituições, mudanças de capital, reformas econômicas e ciclos de instabilidade e crescimento. Saímos de um país agrário e escravocrata — lembrando que a escravidão havia sido abolida apenas um ano antes, em 1888 — para uma nação urbana, diversa e com desafios típicos de uma grande democracia em desenvolvimento.
Hoje, o 15 de novembro não é só uma lembrança de um ato militar em 1889. É também um convite para olhar para o presente e perguntar: o que fizemos com a República que foi proclamada há mais de um século? Que tipo de país estamos construindo com o direito ao voto, com a liberdade de imprensa e com a participação nas decisões públicas?
Mais do que um feriado, a data é uma oportunidade para refletir sobre como o Brasil mudou — em população, em moeda, em capital, em lideranças — e sobre o quanto ainda precisamos avançar para que a ideia de República, na prática, signifique um país realmente de todos e para todos.
