O mercado internacional de petróleo reagiu com força nesta quarta-feira (22) após os Estados Unidos imporem novas sanções a duas das maiores empresas petrolíferas da Rússia: Rosneft e Lukoil. O preço do barril subiu mais de 5%, impulsionado pelas medidas. Às 9h25 (horário de Brasília), o petróleo Brent registrava alta de 4,65%, cotado a US$ 65,53. Já o WTI, referência nos EUA, subia 5%, atingindo US$ 61,49.

As sanções, anunciadas pelo presidente americano Donald Trump, afetam as matrizes e quase três dezenas de subsidiárias das companhias russas, como forma de pressionar o governo de Vladimir Putin por um cessar-fogo imediato na guerra na Ucrânia. A Grã-Bretanha já havia sancionado ambas na semana passada, e a União Europeia aprovou seu 19º pacote de sanções, incluindo a proibição da importação de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia.

Analistas avaliam que as medidas tendem a pressionar ainda mais o mercado de energia. “As refinarias da China e da Índia, grandes compradoras do petróleo russo, terão de buscar fornecedores alternativos para evitar sanções secundárias e exclusão do sistema financeiro ocidental”, disse Ole Hansen, analista do Saxo Bank.

Segundo Giovanni Staunovo, do UBS, o impacto a médio prazo dependerá da resposta da Índia, que se tornou o maior comprador de petróleo russo por via marítima desde o início da guerra. Fontes do setor já indicam que as refinarias indianas devem reduzir drasticamente suas compras.

O movimento de alta levou o mercado de petróleo Brent à condição conhecida como “backwardation”, em que o contrato de entrega imediata é mais caro do que os futuros, sinalizando forte demanda e risco de escassez a curto prazo. O contrato de novembro está sendo negociado cerca de US$ 2 acima do de entrega em seis meses.

No Brasil, o presidente da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), Sérgio Araujo, afirmou que a expectativa é de uma leve retração nos preços nesta quinta-feira (23), mas que o patamar elevado deve persistir.