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O Brasil vive hoje um dia histórico. Pela primeira vez, um ex-presidente da República senta no banco dos réus do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de articular uma trama golpista para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. As transmissões começam às 9h da manhã e você acompanha tudo ao vivo pelo ISNOnline. O julgamento, que terá sessões entre os dias 2 e 12 de setembro de 2025, entra para a história política do país como um marco na defesa do Estado Democrático de Direito.
DECISÃO NÃO DEVE SAIR HOJE
A sessão inaugural do julgamento está marcada para as 9h da manhã, com previsão de retomada no período da tarde, das 14h às 19h. O primeiro dia será dedicado a etapas formais: a leitura do relatório do relator, ministro Alexandre de Moraes, além das manifestações da acusação, representada pela Procuradoria-Geral da República, e das sustentações das defesas dos réus.
Especialistas apontam que a decisão final não deve sair hoje. O cronograma do STF prevê novas sessões nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, reservadas para os debates, votos dos ministros e eventuais pedidos de vista. Assim, o julgamento pode se estender por vários dias, ou até semanas, a depender do andamento.
Outro ponto importante é que, mesmo em caso de condenação, a execução da pena não é imediata. O cumprimento só ocorre após o chamado trânsito em julgado, quando não restam mais recursos possíveis dentro da própria Corte.
Além disso, no caso de Jair Bolsonaro, existe ainda a discussão sobre sua condição de saúde. A defesa argumenta que ele não teria condições clínicas de cumprir pena em regime fechado, o que reforça a possibilidade de manutenção da prisão domiciliar mesmo diante de eventual condenação.
Contexto histórico
O caso tem origem nas investigações que apontaram a existência de uma “minuta golpista” e de reuniões estratégicas no Palácio da Alvorada com ministros, militares e assessores próximos de Jair Bolsonaro. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o grupo planejava desde a convocação de novos pleitos até a prisão de ministros do STF, em especial Alexandre de Moraes. A denúncia foi apresentada em fevereiro de 2025 e aceita em março, transformando Bolsonaro e outros sete aliados em réus por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e conspiração.
Quem será julgado
Além de Jair Bolsonaro, sete nomes fortes do governo e do entorno militar enfrentam a Justiça:
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Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice em 2022
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
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Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
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Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
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Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
Quem vai julgá-los
O julgamento será conduzido por uma Turma do STF formada por cinco ministros. O relator é Alexandre de Moraes, que já vinha conduzindo os inquéritos relacionados aos atos golpistas. A presidência dos trabalhos ficará a cargo de Cristiano Zanin. Serão necessários ao menos três votos para condenação.
Onde estão hoje os réus
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Jair Bolsonaro – em prisão domiciliar em Brasília, monitorado por tornozeleira eletrônica.
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Walter Braga Netto – preso preventivamente em um quartel do Exército no Rio de Janeiro.
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Paulo Sérgio Nogueira – em liberdade, confirmado para estar presencialmente no STF.
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Augusto Heleno – em liberdade, deve acompanhar de forma remota.
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Anderson Torres – em liberdade, acompanhará remotamente.
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Almir Garnier – em liberdade, acompanhamento remoto.
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Mauro Cid – em liberdade, acompanhamento remoto.
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Alexandre Ramagem – em liberdade, participação ainda indefinida (presencial ou videoconferência).
Estrutura do julgamento
O STF preparou o julgamento como um verdadeiro evento de repercussão nacional. A Esplanada dos Ministérios amanheceu com segurança reforçada, bloqueios no trânsito e policiamento ostensivo. Cães farejadores, drones e revistas com detectores de metal fazem parte do esquema.
Um telão foi montado em área restrita para que jornalistas e convidados possam acompanhar a sessão, enquanto outros pontos terão acesso controlado. Mais de 500 jornalistas foram credenciados, e a expectativa é de milhares de pessoas mobilizadas em Brasília, entre apoiadores, opositores e curiosos. O julgamento também é transmitido ao vivo pela TV Justiça e pela internet.
O olhar da mídia internacional
O julgamento mobiliza não só o Brasil, mas a atenção do mundo. Os principais veículos estrangeiros destacaram o caráter histórico do processo:
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Financial Times (Reino Unido) – apontou que o julgamento acontece em um momento de tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos e classificou o caso como “um divisor de águas na política latino-americana”.
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Associated Press (EUA) – destacou que o julgamento entra na fase de veredicto e sentença, chamando o processo de “um dos maiores escândalos políticos da história recente do país”.
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Reuters (EUA/Reino Unido) – ressaltou que Bolsonaro pode enfrentar até 40 anos de prisão, mas lembrou que a defesa alega problemas de saúde que poderiam impedir o cumprimento de pena em regime fechado.
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Le Monde (França) – publicou que o julgamento representa “a prova de fogo da democracia brasileira”, lembrando os ataques de 8 de janeiro de 2023 como pano de fundo da crise.
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El País (Espanha) – afirmou que “o Brasil encara seu maior processo desde a redemocratização” e frisou a dimensão simbólica do STF colocar um ex-presidente no banco dos réus.