Novo ministro da Previdência é cobrado por omissão em alerta sobre fraudes no INSS

Wolney Queiroz participou de reunião em 2023 que discutiu irregularidades; AGU e governo preparam plano de ressarcimento a aposentados

Reprodução/Flickr palaciodoplanalto

O novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), enfrenta questionamentos sobre sua atuação diante das denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resultaram em descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Documentos revelam que Queiroz esteve presente em uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) em 12 de junho de 2023, na qual a conselheira Tonia Galletti alertou sobre os descontos irregulares praticados por entidades associativas.

Na ocasião, Galletti solicitou a inclusão do tema na pauta da reunião, mas o então ministro Carlos Lupi afirmou que seria necessário um levantamento mais preciso antes de discutir o assunto, adiando a deliberação para o encontro seguinte. Queiroz, à época secretário-executivo da pasta, também se pronunciou durante a reunião, conforme registrado na ata.

Após a deflagração da Operação Sem Desconto pela Polícia Federal em abril de 2025, que revelou um esquema de fraudes no INSS estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, Lupi pediu demissão do cargo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou Queiroz como novo titular da Previdência.

Em seu primeiro dia como ministro, Queiroz reuniu-se com o advogado-geral da União, Jorge Messias, para discutir medidas de responsabilização dos envolvidos nas fraudes e a elaboração de um plano de ressarcimento aos aposentados prejudicados. Messias afirmou que é “crucial” avançar na responsabilização dos infratores e na finalização da proposta do Plano de Ressarcimento Excepcional destinado aos beneficiários.

O plano de ressarcimento, elaborado pela Advocacia-Geral da União (AGU), INSS e Dataprev, deverá ser apresentado ao Palácio do Planalto no início da próxima semana. A proposta também será submetida ao Conselho Nacional de Justiça, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União.

Enquanto isso, a oposição no Congresso Nacional pressiona por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes no INSS. Parlamentares questionam a atuação de Queiroz, destacando sua presença na reunião de 2023 em que as irregularidades foram discutidas.

O governo federal, por sua vez, aposta na experiência política de Queiroz para conter a crise e avançar nas medidas de reparação aos aposentados afetados pelo esquema de fraudes. Queiroz, que foi deputado federal por seis mandatos e líder da oposição ao governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, assumiu o compromisso de honrar a confiança do presidente Lula, do PDT e, principalmente, dos aposentados.

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