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A tensão entre China e Taiwan segue elevada nesta terça-feira (30), quando o Exército Popular de Libertação da China realizou o segundo dia consecutivo de exercícios militares em grande escala ao redor da ilha. As manobras fazem parte da operação chamada de “Missão Justiça 2025” e incluem uso de munição real, além da atuação conjunta de forças navais, aéreas e de mísseis.
As ações foram conduzidas pelo Comando do Teatro Oriental, que é o comando regional das Forças Armadas chinesas responsável pela área do Estreito de Taiwan e do Mar da China Oriental. Na prática, é esse comando que coordena operações militares chinesas nessa região estratégica, reunindo Exército, Marinha, Força Aérea e unidades de mísseis.
Durante o exercício, a China mobilizou destróieres, fragatas, aviões de caça e bombardeiros, simulando ataques de longa distância, coordenação entre mar e ar e até cenários de bloqueio ao redor da ilha. O objetivo, segundo Pequim, é demonstrar capacidade de resposta contra qualquer tentativa de apoio militar externo a Taiwan.
100 voos cancelados
O impacto das manobras foi além do campo militar. Autoridades de Taiwan informaram que foram notificadas sobre a criação temporária de zonas consideradas perigosas no Estreito de Taiwan. Como consequência, mais de 100 voos internacionais e domésticos tiveram atrasos, mudanças de rota ou cancelamentos ao longo do dia.
Nota oficial de Taiwan
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, afirmou que o território pretende agir com responsabilidade e evitar uma escalada do conflito. Em declaração pública, criticou o aumento da pressão militar chinesa e disse que esse tipo de postura não corresponde ao comportamento esperado de uma grande potência.
Já o Ministério da Defesa de Taiwan informou oficialmente que detectou 130 aeronaves chinesas, incluindo caças e bombardeiros, além de 14 navios militares e outras embarcações oficiais ao redor da ilha em um intervalo de 24 horas. Segundo o governo local, 90 aeronaves cruzaram a linha mediana do estreito, um limite informal adotado há anos para reduzir tensões. Um balão militar chinês também foi identificado.
Posição oficial da China
Do lado chinês, a agência estatal Xinhua publicou um comentário afirmando que os exercícios enviam um recado claro de que Pequim está preparada para impedir qualquer movimento que tente separar Taiwan da China. O texto também fez críticas ao partido que governa a ilha, acusando-o de buscar aproximação militar com os Estados Unidos e incentivar a compra de armamentos.
Por que China e Taiwan vivem em tensão?
A disputa entre China e Taiwan é antiga. Taiwan funciona, na prática, como um país independente, com governo, eleições, forças armadas e sistema político próprios. A China, porém, considera a ilha parte do seu território e não reconhece sua soberania, defendendo que a reunificação deve ocorrer — inclusive sem descartar o uso da força.
A situação se agrava porque Taiwan mantém relações próximas com os Estados Unidos, principal aliado militar da ilha. Qualquer demonstração de apoio externo a Taiwan costuma provocar reações duras de Pequim, tornando o Estreito de Taiwan um dos pontos mais sensíveis da geopolítica mundial.
