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Na onda da polêmica do comercial das Havaianas e a quebra da tradição do pé direito, uma notícia caiu como uma bomba no apagar das luzes de 2025 e pode fazer o ministro do STF Alexandre de Moraes, segundo as tradições, entrar em 2026 com o pé esquerdo ou, conforme disse Fernanda Torres no polêmico comercial, com “os dois pés na jaca”.

Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo, assinada pela colunista Malu Gaspar, trouxe à tona que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, repetidas vezes com o objetivo de influenciar o andamento da venda do Banco Master para o Banco de Brasília (BRB). Segundo a apuração, foram ao menos quatro contatos, incluindo três ligações e um encontro presencial, para tratar do tema junto ao presidente da autoridade monetária.

A informação é relevante porque a operação dependia de autorização do Banco Central, que no final decidiu liquidar extrajudicialmente o Banco Master após constatar irregularidades e suspender a venda ao BRB.

Quem Denunciou e a Retaguarda da Apuração

A denúncia foi publicada pelo jornal O Globo, um dos grupos de mídia mais influentes do país, com tradição em cobertura política e jornalística profunda. A coluna baseou-se em múltiplas fontes — segundo a própria reportagem — e ouviu relatos de seis fontes diferentes sobre os contatos de Moraes com o presidente do Banco Central.

Fontes desse tipo, com cruzamento de informações e várias confirmações independentes, geralmente são consideradas por veículos como O Globo como retaguarda sólida para uma reportagem investigativa, especialmente quando tratam de temas sensíveis envolvendo autoridades de alto escalão.

Versão dos Envolvidos

Alexandre de Moraes divulgou nota oficial negando que tenha tentado influenciar a decisão do Banco Central em favor do Banco Master. Segundo o ministro, todos os encontros com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foram para tratar da repercussão da aplicação da chamada Lei Magnitsky em seu caso pessoal e sobre possíveis efeitos dessa lei em movimentações financeiras, e não sobre qualquer pedido de intervenção para o Master.

O Banco Central também confirmou oficialmente que manteve reuniões com Moraes, mas reiterou que todos os encontros foram sobre os impactos da aplicação da Lei Magnitsky e não sobre as decisões administrativas relativas ao Banco Master.  Até o momento não houve manifestação pública de Gabriel Galípolo ou do BRB detalhando o conteúdo das conversas.

Esposa de Moraes

O Banco Master foi uma instituição financeira brasileira fundada originalmente como Banco Máxima na década de 1970 e que, após mudanças societárias, passou a se chamar Banco Master. Em 18 de novembro de 2025, o Banco Central decretou sua liquidação extrajudicial diante de irregularidades graves nas contas e na emissão de títulos de crédito, que chegariam a cifras bilionárias.

O empresário Daniel Vorcaro, controlador do banco, foi preso em novembro durante a Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que investiga supostas fraudes no sistema financeiro envolvendo o Master e o Banco de Brasília (BRB).

No meio dessas investigações, foi revelado que o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes — esposa do ministro Alexandre de Moraes — tinha um contrato com o Banco Master que previa pagamento de cerca de R$ 129 milhões ao longo de três anos (R$ 3,6 milhões mensais) por serviços jurídicos e consultivos.

Esse contrato foi encontrado no celular de Vorcaro pela Polícia Federal e virou elemento central nas acusações de conflito de interesses. (Asmetro)

Outros Ministros

Além do caso envolvendo Moraes e a esposa dele, especialistas e editoriais também levantaram outras relações controversas entre o Banco Master e integrantes do STF. Um exemplo citado em editorial foi a viagem do ministro Dias Toffoli em jatinho particular com o advogado de um dos investigados no caso, pouco antes dele ser sorteado relator do processo relacionado ao Master no STF, o que gerou questionamentos sobre postura institucional dada a proximidade entre as partes.

Repercussão no Meio Político

A notícia rapidamente se transformou em tema de debate político:

  • **Oposição no Congresso anunciou a intenção de propor tanto um pedido de CPI quanto um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes com base nas notícias publicadas. Parlamentares afirmam que, se comprovadas, as ações configurariam violação de princípios constitucionais e conflito de interesses.
  • O senador Alessandro Vieira (MDB‑SE) afirmou que vai coletar assinaturas após o recesso para instaurar uma CPI para apurar o contrato entre o Banco Master e o escritório de Viviane de Moraes e a suposta atuação direta do ministro.
  • Segundo reportagem da CNN Brasil, a oposição articula também um pedido de impeachment, com apoio de deputados como Marcel Van Hattem, além de um abaixo‑assinado para mobilizar apoio popular.

Cálculos para uma CPI

As movimentações para a criação da CPI começaram a ganhar força principalmente por parte da oposição no Congresso, com senadores como Alessandro Vieira (MDB‑SE) liderando a articulação. Eles afirmam que a CPI é essencial para investigar as supostas pressões de Moraes sobre o Banco Central, que decidiu pela liquidação extrajudicial do Banco Master.

Outros senadores, como Randolfe Rodrigues (Rede‑AP) e Fabiano Contarato (Rede‑ES), também demonstraram apoio à comissão, mas a viabilidade da CPI dependerá principalmente do apoio do Centrão e da base governista, que têm o poder de influenciar as assinaturas necessárias para que a CPI seja instaurada. Se a oposição conseguir mobilizar as assinaturas de 27 senadores, a CPI pode avançar, mas a resistência de setores aliados ao governo e ao STF pode ser um obstáculo importante. A pressão pública e o apoio da imprensa têm sido essenciais para dar visibilidade ao caso, aumentando as chances de sucesso da comissão.

 

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