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Na noite de domingo (30), em pronunciamento na televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que a nova lei do Imposto de Renda ― sancionada horas antes ― vai permitir que milhões de brasileiros recebam mais no contracheque e gastem “com o que realmente faz diferença dentro de casa”. Segundo ele, dezembro será o último mês em que quem ganha até R$ 5 mil verá desconto de imposto no salário.
A lei, aprovada por unanimidade no Congresso, passa a valer a partir de janeiro de 2026. Para Lula, trata-se de uma mudança histórica:
“Com zero de Imposto de Renda, uma pessoa com salário de R$ 4,8 mil pode fazer uma economia de R$ 4 mil em um ano. É quase um 14º salário.”
Quem é quem nesta mudança
- Deixa de pagar: quem ganha até R$ 5 mil mensais.
- Paga menos: quem recebe entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 por mês vai pagar menos do que paga hoje.
- Paga a conta: a compensação virá da taxação de altos rendimentos ― lucros, dividendos e rendas acima de R$ 600 mil por ano, com alíquotas progressivas até 10%.
Televisão para a copa
“O que hoje é desconto no contracheque vira dinheiro extra no bolso. Para viajar com a família. Comprar presentes de Natal pros filhos. Quitar uma dívida. Ou até comprar uma televisão com tela maior pra ver a Copa do Mundo do ano que vem.”
Ele repetiu a frase que já havia usado em outras ocasiões:
“Rico não fica mais pobre. Se o pobre puder consumir, o rico vai vender mais carne, roupa e carro.”
Quem são os super ricos
O governo reforçou que não haverá cortes em educação ou saúde para compensar a medida. A tributação recairá sobre os 0,1% mais ricos ― cerca de 140 mil pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão por ano e hoje pagam pouco ou quase nada de imposto.
O que dizem os especialistas
O economista Manoel Pires, coordenador do Observatório da Política Fiscal da FGV, vê potencial na medida:
“Ela é engenhosa. Permite isenção para baixa e média renda sem romper o equilíbrio fiscal, desde que a taxação sobre rendas altas funcione plenamente.”
Pires também alertou que regimes especiais e deduções podem reduzir a eficiência do chamado “imposto mínimo” para os super-ricos — se houver brechas, a arrecadação pode ficar comprometida.
Já Sérgio Gobetti, pesquisador do Ipea, apontou que a reforma toca na raiz de um problema antigo:
“O Brasil tributa pouco a renda e muito o consumo. A tributação de dividendos e rendimentos elevados pode corrigir parte dessa distorção.”
Mudança exige atenção
- Defasagem da tabela: se o limite de R$ 5 mil não for reajustado ano a ano, os trabalhadores voltarão a pagar imposto rapidamente.
- Blindagem patrimonial: sem fiscalização rigorosa, altas rendas podem migrar para estruturas jurídicas que dificultam a tributação.
- Risco eleitoral: Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) chamou a medida de “presente de um ano”, caso o governo não corrija os valores de acordo com a inflação.
Retorno de bilhões
Se a lei funcionar como está no papel, o governo estima que R$ 28 bilhões retornarão à economia brasileira em 2026. O efeito seria direto no comércio, nos serviços e na geração de empregos.
Mas o resultado final dependerá de três pontos que ainda dividem opiniões:
Se a taxação aos super-ricos será realmente efetiva.
