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O banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi solto na manhã deste sábado (29), após decisão da desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Ele deixou o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, na Grande São Paulo, e passou a responder ao processo em liberdade, mas sob medidas cautelares rígidas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.

Outros quatro executivos também foram beneficiados pela decisão:

  • Alberto Felix de Oliveira Neto – superintendente executivo de Tesouraria
  • Augusto Ferreira Lima – ex-CEO do Banco Master
  • Ângelo Antônio Ribeiro da Silva – diretor do banco
  • Luiz Antônio Bull – diretor de riscos, compliance, RH, operações e tecnologia

Todos deverão cumprir medidas cautelares, como:

  • Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica
  • Proibição de contato entre si e com testemunhas
  • Entrega do passaporte
  • Proibição de deixar a cidade onde residem sem autorização da Justiça
  • Restrição para exercer atividades financeiras

Segundo a decisão da desembargadora, os crimes investigados “não envolvem violência ou grave ameaça à pessoa”, o que permitiria a substituição da prisão preventiva por medidas restritivas.

Preso no aeroporto

Vorcaro foi preso em 17 de novembro, ao passar pelo raio-X do Aeroporto Internacional de Guarulhos, prestes a embarcar para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ele recebeu voz de prisão da Polícia Federal e teve a detenção confirmada em audiência de custódia.

A Polícia Federal argumentou que havia risco de fuga, mas a defesa afirma que a viagem havia sido comunicada previamente e fazia parte das negociações para vender o Banco Master a um grupo de investidores estrangeiros.

O que investiga a Operação Compliance Zero

A Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, apura possíveis irregularidades ligadas ao Banco Master, como:

  • Emissão de carteiras falsas de crédito
  • Uso de empresa de fachada para adquirir dívidas bilionárias
  • Tentativa de vender esses produtos irregulares ao BRB (Banco de Brasília)
  • Suspeita de gestão fraudulenta e organização criminosa

Segundo a investigação, apenas entre janeiro e maio de 2025, o banco teria movimentado R$ 12,2 bilhões em créditos questionados. Após a prisão de Vorcaro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.

O que diz a defesa

A defesa de Vorcaro afirma que a prisão preventiva foi baseada em “expressões genéricas” e que não havia risco concreto de fuga. Sobre as supostas carteiras falsas, os advogados alegam que elas foram adquiridas de terceiros — prática comum no mercado financeiro.

“A hipótese acusatória, por mais grave que seja, ainda será submetida à instrução processual. Não pode servir como fundamento para manutenção da prisão preventiva”, afirmou a defesa.

Na mira da CPMI

Mesmo em liberdade, os investigados permanecem sob monitoramento judicial. A operação ainda pode gerar desdobramentos políticos: a CPMI do INSS, em Brasília, já discute convocar Daniel Vorcaro para depoimento. O caso também pressiona o Banco Central e o sistema financeiro, já que a venda do Master ao BRB era tratada como um movimento estratégico em Brasília.

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