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Olá queridos leitores, esse semana a matéria é para aqueles que ainda procuram um amor….

A ascensão vertiginosa dos aplicativos de namoro revolucionou a busca por parceiros, mas trouxe consigo uma complexa teia de expectativas e desilusões. A facilidade de acesso a um vasto “catálogo” de opções intensificou o fenômeno da idealização e a dificuldade em lidar com a frustração do real.

Este é um tema central na experiência afetiva moderna e merece uma análise profunda.

 

A Idealização: Uma Análise Psicanalítica

Do ponto de vista psicanalítico, a idealização é um mecanismo de defesa que consiste em superestimar as qualidades do objeto amoroso, vendo-o não como ele é, mas como deseja-se que ele seja.

O Perfil como Tela de Projeção

Segundo Freud, a idealização surge, em parte, do narcisismo infantil, onde o indivíduo busca no outro o eu ideal que foi perdido. No namoro online, o perfil construído – muitas vezes uma versão editada e selecionada – serve perfeitamente como “tela de projeção” para essa fantasia. A falta (aquilo que nos move, o desejo, conforme Lacan) é preenchida, ilusoriamente, pela imagem quase perfeita do match virtual.

O Florescer da Fantasia

O tempo de conversa mediada por texto e fotos permite que a fantasia floresça sem a interferência da realidade corporal e do convívio. O “outro” é construído na mente do usuário com base em fragmentos de informação, tornando-se uma figura mais completa e ideal do que qualquer pessoa real jamais poderia ser.

A Frustração do Real

O encontro presencial funciona como o “teste de realidade”. Quando a pessoa real se manifesta com suas imperfeições, contradições e a incompletude inerente a qualquer ser humano, ocorre a desilusão. A dificuldade em lidar com essa frustração é amplificada, pois o investimento emocional foi feito em um objeto imaginário, não na pessoa de fato.

 

Saturação dos Apps de Encontros e Dados Estatísticos no Brasil

O cenário atual dos aplicativos de namoro no Brasil reflete tanto o sucesso inicial quanto o crescente esgotamento de seus usuários.

Crescimento e Uso

  • O uso de aplicativos atingiu um patamar significativo: um levantamento da Mobile Time/Opinion Box (2022) indicou que 34,38% dos brasileiros afirmaram ter se relacionado com alguém pela internet.
  • Apesar dos desafios, o meio online se consolidou: algumas pesquisas (2024) apontam que cerca de 77,5% dos entrevistados estavam satisfeitos em relações iniciadas digitalmente, sugerindo que a ferramenta pode levar a relações estáveis.

Saturação e Esgotamento (Dating Burnout)

A facilidade de escolha e a superficialidade inerente ao formato levaram à saturação e a um fenômeno chamado dating burnout (esgotamento de encontros). Dentre os fatores de esgotamento podemos incluir a exaustão em geral, insegurança (para as mulheres), risco de golpes.

Pesquisas indicam que 54% das mulheres que usaram apps se sentiram inseguras devido ao volume de mensagem, e não para por ai, 1 em cada 4 brasileiros já foi vítima de perfis falsos ou golpes virtuais, destacando a falsidade dos perfis.

A grande verdade é que a quantidade de opções promove interações superficiais focadas na aparência e na percepção de que “sempre há alguém melhor” — a chamada síndrome do gramado mais verde.

O Caminho para o Encontro Genuíno

A “ilusão do match perfeito” reside em projetar a totalidade do desejo em uma imagem parcial. O desafio, tanto para os usuários quanto para a sociedade, é desidealizar o processo.

O amor, conforme a psicanálise, não é uma complementaridade perfeita, mas um encontro onde cada um lida com sua própria falta. Para superar a frustração, é vital que o usuário saiba separar o perfil (a fantasia) da pessoa (a realidade), entendendo que a beleza do encontro está justamente na descoberta, e não na confirmação de uma expectativa pré-existente. O investimento deve ser na reciprocidade e na construção de algo real, e não apenas na aspiração por um ideal.

Minha recomendação? Deixem o mundo das telas e da idealização do perfeito e viva a vida real, o amor real não é perfeito e nunca será, nem daqui a cem anos, mas ainda é o que nos mantém vivos e cheios de esperança.

Até a próxima matéria!

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