Durante sua posse como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, nesta quarta-feira (29), o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez um apelo por um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A ação, ocorrida na terça-feira (28), deixou ao menos 119 mortos, entre eles quatro agentes de segurança.

Em seu discurso no Palácio do Planalto, Boulos destacou que o combate ao crime organizado deve ir além das favelas e atingir o topo das cadeias financeiras. “Tenho orgulho de fazer parte do governo de um presidente que sabe que a cabeça do crime organizado neste país não está no barraco. Muitas vezes, está na lavagem de dinheiro na Faria Lima”, declarou.

O evento contou com a presença de ministros, parlamentares de diversos espectros políticos e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vestiu preto como forma simbólica de luto.

Horas depois, no plenário da Câmara dos Deputados, o deputado federal André Fernandes (PL-CE), ligado à base bolsonarista, causou polêmica ao pedir um “minuto de aplausos” pelos mais de 100 mortos na operação. A fala foi feita após homenagem aos quatro policiais mortos. Fernandes elogiou a ação das forças de segurança, classificando-a como “quase perfeita”, e afirmou que o número de mortos “pode chegar a 200, 300, quantos forem necessários”.

Mortes no Rio de Janeiro

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro informou, na manhã desta quarta-feira (29), que o número de mortos após a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão já passa de 130. Segundo o órgão, foram registradas 132 vítimas: 128 civis e 4 policiais.

A atualização contrasta com os dados divulgados pelo governo estadual na terça-feira (28), que confirmava 64 mortos — sendo 60 suspeitos e 4 policiais. A diferença se refere aos corpos encontrados por moradores nas áreas de mata da comunidade, que ainda não foram incluídos no balanço oficial.