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Um relatório do Instituto Trata Brasil projeta que, até 2050, as cidades brasileiras poderão enfrentar restrições médias de oferta equivalentes a 12 dias de racionamento por ano. Em regiões mais secas, como faixas do Nordeste e também do Centro-Oeste, a duração anual pode superar 30 dias. Esse número não significa um apagão contínuo: na prática, operadores costumam adotar rodízios, como “um dia com água, dois sem”, o que espalha a restrição por semanas no calendário.

Assinado por especialistas, o documento usa bases climáticas internacionais e modelos econométricos para estimar a demanda futura por água, cruzando efeitos de temperatura, população e renda com a regularidade de chuvas. As projeções não são deterministas: funcionam como um guia de planejamento para reduzir riscos e priorizar ações que tragam resultado no curto e no médio prazo.

Como isso aparece no dia a dia
Para o consumidor, a tendência é conviver com horários de baixa pressão e interrupções alternadas ao longo do ano. Escolas, postos de saúde e comércios podem ajustar funcionamento em períodos críticos, e campanhas de economia tendem a ser mais frequentes. Em alguns municípios, podem surgir tarifas de contingência e regras temporárias para reduzir o consumo em picos de calor.

O que explica a projeção
O trabalho combina modelagem climática e econômica. As projeções indicam dias mais quentes e menos frequentes de chuva, um cenário que eleva o consumo das famílias e dificulta a recomposição dos mananciais. Mesmo sem crescimento de população e renda, o aquecimento por si só aumenta o consumo per capita, pressionando a produção de água tratada. Quando se somam tendências demográficas e econômicas, a conta fica ainda mais apertada.

Panorama regional

Quanto tempo de restrição por ano (projeção até 2050)

  • Brasil (média nacional): ~12 dias de racionamento/ano (3,4% do ano).

  • Nordeste: mais de 30 dias/ano em partes da região (onde já chove pouco).

  • Centro-Oeste: mais de 30 dias/ano em partes da região (pelo mesmo motivo).

  • Sudeste, Sul e Amazônia urbana: o estudo não fixa um número único de dias; aponta maior instabilidade com ondas de calor, estiagens e tempestades — racionamentos podem ocorrer, mas sem um valor fechado por ano para essas regiões.

O tamanho do desperdício
O estudo chama atenção para as perdas na rede: uma fatia grande da água tratada não chega às casas por vazamentos, ligações irregulares e medição imprecisa. Em volume absoluto, esse desperdício já seria suficiente para cobrir boa parte da pressão adicional prevista até 2050. Reduzir perdas é a medida de efeito mais rápido e barato para ganhar fôlego sem esgotar mananciais.

O que precisa ser feito
Governos e concessionárias são instados a apresentar planos transparentes de racionamento, com calendário por bairro e prioridade para serviços essenciais. Investimentos em reservação, interligações entre sistemas e captações mais resilientes às secas e tempestades devem caminhar junto com uma “guerra” a vazamentos. Para o consumidor, a recomendação é manter caixas d’água limpas e tampadas, revisar vazamentos internos e adotar hábitos de economia, especialmente em ondas de calor.

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