A Câmara Municipal de Natal prestou homenagem, na segunda-feira (25), a Juliana Soares, de 35 anos, vítima de uma brutal agressão sofrida há um mês dentro de um elevador. A estudante recebeu a Comenda Maria da Penha, em reconhecimento à sua força e coragem após sobreviver a 61 socos desferidos pelo então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral.
Ainda em recuperação, Juliana passou por uma cirurgia de mais de sete horas para reconstrução facial, após sofrer fraturas múltiplas no rosto e na mandíbula. Durante a solenidade, com dificuldades na fala, agradeceu o apoio recebido e ressaltou a importância de compartilhar sua experiência.
“É uma honra ser homenageada e maior ainda ter sobrevivido para contar a minha história. Tão importante quanto a denúncia é a sociedade acolher a mulher que sofre violência. Muitas ficam presas dentro desse ciclo porque não têm a quem recorrer”, afirmou.
Juliana também destacou que deseja transformar sua dor em força para ajudar outras vítimas. “Se eu me levantei daquele elevador depois de tudo o que aconteceu, outras mulheres também são capazes. Deus me usou como instrumento para dar voz a outras mulheres. Nunca gostei de holofotes, mas agora vou usá-los para ajudar quem precisa”, disse emocionada.
A família da estudante organizou uma vaquinha online para custear o tratamento, que arrecadou os R$ 120 mil necessários com a ajuda de milhares de doadores. O agressor, Igor Eduardo Pereira Cabral, foi preso e se tornou réu por tentativa de feminicídio.
De acordo com o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2025 com dados de 2024, 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior. O caso de Juliana reforça a urgência de medidas de proteção e acolhimento às mulheres em situação de violência doméstica.
