Evento destacou possibilidade de ampliação de compras da merenda escolar e discutiu investimentos, diversificação de culturas e fortalecimento da comercialização
O 1º Seminário de Oportunidades da Agricultura Familiar do Triângulo Sul, realizado nesta terça-feira (12) em Uberaba, reuniu lideranças do agronegócio, representantes de entidades regionais e agricultores familiares para debater estratégias de crescimento e novas oportunidades para o setor. A programação, sediada no Sindicato Rural de Uberaba (SRU), abordou desde a chegada de novas culturas, como o cacau, até a ampliação da participação da Agricultura Familiar no fornecimento de alimentos para a merenda escolar.
Um dos pontos mais debatidos foi a possibilidade de aumento gradual do percentual obrigatório de compras da merenda com produtos da Agricultura Familiar — dos atuais 30% para 40% em 2026 e 70% até 2028 — caso projeto de lei em tramitação no Congresso seja aprovado. A medida, segundo participantes, pode ampliar de forma significativa o mercado para os produtores da região.
O presidente do SRU, Vinícius Rodrigues, destacou que a cultura do cacau deve chegar a Uberaba com boas perspectivas de produtividade e rentabilidade, com incentivo de grandes empresas do setor. Já a prefeita Elisa Araújo reafirmou que a Agricultura Familiar é prioridade em sua gestão e defendeu a instalação do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) também no Triângulo Sul, como forma de ampliar investimentos e assistência aos produtores locais.
Representantes do Estado e do município reforçaram que, atualmente, já há prioridade na aquisição de alimentos produzidos pela Agricultura Familiar. Em Uberaba, cerca de 31 mil alunos da rede municipal recebem refeições que, em parte, são abastecidas por produtores locais. A Superintendência Regional de Ensino, que atende 25 municípios, também lidera o ranking estadual de compras diretas da Agricultura Familiar, com índice de 56% em 2024.
As associações de produtores Horvagra e Aprobov apresentaram resultados expressivos, como a venda de 74 toneladas de hortifrutigranjeiros e carne para a merenda escolar no primeiro semestre deste ano, e anunciaram novas frentes de comercialização. Contudo, apontaram desafios como transporte, logística, crédito e necessidade de tecnificação.
O gerente regional da Emater, Diego Rezende, ressaltou a importância da assistência técnica, lembrando que mais de 20 mil produtores na região já são atendidos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Para o secretário municipal do Agronegócio, Agnaldo Silva, o seminário foi um marco para alinhar esforços e planejar o futuro.
“Temos um cenário em que a demanda por produtos da Agricultura Familiar pode mais do que dobrar em poucos anos. É hora de nos organizarmos para produzir com qualidade e em quantidade”, destacou.