Especialistas relacionam atos e falas do ex-presidente às possíveis consequências
Créditos: Antonio Augusto / STF
O programa ISFM NEWS desta terça-feira (15) debateu o pedido de condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e de outras sete pessoas pela Procuradoria Geral da República (PGR). As alegações finais se baseiam na tentativa de golpe de Estado de Bolsonaro.
O advogado Joaquim Fernandes avaliou que os problemas de saúde alegados por Bolsonaro não são graves o suficiente para justificar uma prisão domiciliar. Para ele, caso condenado, o ex-presidente poderá buscar asilo político em alguma embaixada.
Fernandes também demonstrou dúvidas sobre a conexão entre os atos do 8 de janeiro e os crimes atribuídos a todos os envolvidos no processo. “Pode ser que aquilo que estamos vendo na televisão, que temos acesso, não seja tudo o que seja possível fazer o juízo, mas eu não consigo ver”, afirmou.
O advogado observou que, na visão dos ministros do STF, os crimes do 8 de janeiro foram cometidos por uma “multidão”, o que justificaria a responsabilização coletiva de quem participou ou incentivou.
O médico Benjamin Rodriguez Lopez afirmou que a Justiça deve tratar todos com igualdade, independentemente da identidade dos acusados. Ele relembrou declarações anteriores de Bolsonaro, quando o ex-presidente se comparou a um soldado que não teme a morte.
Para o médico, essa imagem não se sustenta diante da postura adotada frente ao Judiciário. “Mas um soldado não afina frente a um juiz, assim como ele afinou”, comentou, criticando a mudança de discurso de Bolsonaro ao dizer que não tinha provas sobre fraudes nas urnas: “Jair Messias Bolsonaro fez o que quis, e agora não quer arcar com as consequências”.
Apresentado pelo jornalista Paulo Schiff, o ISFM News é transmitido pela rádio ISFM 100,7, de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30. O programa também pode ser acompanhado pelo canal ISFM no YouTube.
A notícia
A Procuradoria-Geral da República pediu nesta segunda-feira (14) ao STF a condenação de Jair Bolsonaro e outros sete réus ligados ao núcleo central da tentativa de golpe de Estado. A solicitação foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes.
O pedido da PGR faz parte das alegações finais do processo, última etapa antes do julgamento, previsto para setembro. A manifestação foi apresentada às 23h45 e tem 517 páginas, assinadas pelo procurador-geral Paulo Gonet.
Os réus são acusados de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano ao patrimônio público e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, o pedido de condenação inclui Braga Netto, Heleno, Ramagem, Torres, Garnier, Paulo Sérgio e Mauro Cid — este último, delator, pode ter a pena suspensa por conta de seu acordo de colaboração premiada.
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