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Um idoso viveu horas de terror após ser sequestrado por um criminoso armado, que o obrigou a realizar diversos saques em caixas eletrônicos. O crime aconteceu na manhã desta sexta-feira (26), no bairro Jardim Tropical, em Indaiatuba, no interior de São Paulo.
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima chegava em casa quando foi abordada pelo suspeito, que mostrou a arma, forçou o idoso a voltar para o carro e passou a mantê-lo sob ameaça constante. A partir daí, o idoso foi levado pela cidade e coagido a sacar dinheiro em diferentes caixas eletrônicos.
O autor do crime foi identificado como Anderson Luques Ferreira, condenado por latrocínio — roubo seguido de morte. Mesmo com esse histórico, ele estava em liberdade temporária, utilizando tornozeleira eletrônica, por conta da saidinha de Natal. Ele faz parte do grupo de cerca de 30 mil presos liberados apenas no estado de São Paulo durante esse período.
A Polícia Militar foi acionada após a esposa da vítima chegar em casa, estranhar a ausência do marido e verificar as câmeras de segurança, que registraram o momento do sequestro. As imagens foram fundamentais para o rápido acionamento das autoridades.
Com o auxílio do monitoramento da tornozeleira eletrônica, os policiais conseguiram rastrear o criminoso até a cidade de Sorocaba, a cerca de 85 a 90 quilômetros de Indaiatuba, onde ele foi localizado e preso. Durante a abordagem, os agentes constataram que o suspeito utilizou o celular da vítima para ligar para um comparsa, que ainda não foi identificado. Já detido, ele confessou que seguia para Sorocaba com o objetivo de encontrar esse comparsa, a quem entregaria o dinheiro obtido nos saques.
O idoso foi resgatado sem ferimentos, e as investigações continuam para localizar o segundo envolvido no crime.
Como funciona a saidinha de Natal
A chamada saidinha de Natal é um benefício previsto na Lei de Execuções Penais, concedido a presos do regime semiaberto, permitindo a saída temporária para visita à família durante datas comemorativas como Natal e Ano-Novo. No fim de ano, o período costuma abranger os dias próximos ao Natal e se estender até os primeiros dias de janeiro.
Em São Paulo, milhares de presos recebem autorização judicial para sair, geralmente com condições específicas, como uso de tornozeleira eletrônica e obrigação de retorno em data determinada.
Dados de anos anteriores indicam que a maioria dos presos retorna às unidades prisionais dentro do prazo, com índices de retorno próximos de 90%. Ainda assim, uma parcela menor descumpre as regras ou é presa novamente durante o período, seja por não retornar ou por envolvimento em novos crimes — casos que costumam gerar forte repercussão.
Saidinha não acabou?
Em 2025, a saidinha voltou ao centro do debate político e jurídico no Brasil. O Congresso Nacional aprovou mudanças na legislação, endurecendo as regras e restringindo a concessão da saída temporária, principalmente para crimes mais graves.
O presidente Lula vetou a extinção total do benefício, defendendo que a medida poderia prejudicar a ressocialização e o vínculo familiar dos presos. Posteriormente, o veto foi derrubado pelo Congresso, e a nova regra passou a valer.
No entanto, a mudança não foi aplicada de forma retroativa, o que significa que presos que já tinham o direito à saidinha concedido pela Justiça continuaram sendo beneficiados, como no caso registrado em Indaiatuba. Por isso, mesmo após a decisão política, a saidinha continuou existindo na prática durante o fim de ano.
