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Desde que o Corinthians conquistou a Copa do Brasil de 2025, me deparei com a seguinte questão diversas vezes: “Jogador X já se tornou ídolo?” A pergunta vale para Yuri Alberto, Memphis Depay e até mesmo para o goleiro Hugo Souza. Acontece que, ao meu ver, banalizaram a palavra ídolo. Jogadores que conquistam títulos entram para a história, mas o patamar de ídolo exige muito mais do que isso.
No futebol brasileiro, ídolo é quem cria identificação real com a torcida. Não basta decidir um jogo grande ou levantar uma taça importante. Ídolo é quem representa o clube dentro e fora de campo, entende o peso da camisa e constrói uma relação que vai além do desempenho imediato.
A idolatria também passa pela forma como o jogador atravessa momentos difíceis. É fácil ser exaltado na vitória, mas o ídolo aparece quando o time perde, quando a pressão aumenta e a cobrança é pesada. Nessas horas, postura, entrega e responsabilidade contam tanto quanto o talento.
O problema é que, hoje, tudo virou urgente. Um bom semestre já vira argumento para idolatria, como se a história pudesse ser encurtada. As redes sociais aceleraram esse processo e ajudaram a transformar grandes momentos em rótulos definitivos, esvaziando o real significado da palavra.
Ídolo não surge por decreto nem por empolgação momentânea. Ele se constrói com tempo, continuidade e vínculo emocional. O futebol brasileiro sempre teve ídolos de verdade, e preservar esse conceito é respeitar a própria história do jogo e o peso que essa palavra carrega.
