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A campanha de fim de ano da Havaianas, estrelada por Fernanda Torres, se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos dias, após parte do público interpretar a mensagem do comercial como um recado político. A reação incluiu críticas, vídeos de boicote, troca da marca por concorrentes e um debate intenso sobre os limites entre publicidade, posicionamento ideológico e democracia.
No vídeo, Fernanda Torres afirma:
“Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito.”
A frase, usada como recurso de linguagem e ironia publicitária, foi suficiente para gerar interpretações políticas, especialmente por ocorrer às vésperas de um ano eleitoral. Para críticos, a mensagem teria extrapolado o campo simbólico e entrado no terreno ideológico.
Reação nas redes e vídeos de boicote
Logo após a veiculação da campanha, políticos, influenciadores e internautas ligados à direita passaram a criticar a marca. Alguns gravaram vídeos jogando sandálias Havaianas no lixo, cortando o produto ou anunciando a substituição por marcas concorrentes.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a campanha nas redes sociais e sugeriu boicote à marca. Outros parlamentares e lideranças conservadoras classificaram o comercial como “provocação política disfarçada de publicidade”.
O debate: publicidade ou posicionamento?
Para os críticos, a campanha não pode ser dissociada do contexto político atual. Eles apontam que 2026 será um ano eleitoral e que mensagens simbólicas, mesmo sutis, acabam sendo interpretadas como alinhamento ideológico.
A escolha de Fernanda Torres como protagonista também entrou no debate. A atriz estrelou recentemente o filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, que aborda o período da ditadura militar no Brasil — tema frequentemente associado a discussões políticas contemporâneas.
O que está sendo questionado
Grupos críticos passaram a questionar se a mensagem do comercial reflete apenas uma escolha criativa da marca ou se dialoga com a visão do grupo econômico ao qual a Havaianas pertence.
A Havaianas é uma marca da Alpargatas S.A., empresa que integra um ecossistema empresarial mais amplo. Entre seus principais acionistas está a Itaúsa, uma holding brasileira de investimentos que controla participações relevantes em grandes empresas, incluindo o Itaú Unibanco.
A Itaúsa é controlada pela família Moreira Salles, uma das mais influentes do sistema financeiro brasileiro. No topo desse grupo está Pedro Moreira Salles, presidente do conselho do Itaú Unibanco, que já participou de encontros institucionais com o presidente Lula em momentos de diálogo entre governo e mercado.
Embora não haja qualquer ilegalidade ou prova de coordenação política, críticos apontam que a soma desses elementos ajuda a explicar por que a campanha foi interpretada como algo além de publicidade.
Havaianas mantém campanha no ar
Apesar da repercussão, a Havaianas manteve o comercial publicado em suas redes sociais e, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre as críticas. A decisão de sustentar a campanha também passou a fazer parte do debate.
Enquanto apoiadores defendem a liberdade criativa e artística da marca, críticos afirmam que empresas com forte presença nacional deveriam evitar mensagens passíveis de leitura política em períodos sensíveis.
