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Trump deixa bolsonarismo com a brocha na mão

 

Na sexta-feira, 12/12, o governo Trump retirou o casal Alexandre e Viviane de Moraes da lista internacional de sancionados pela Lei Magnitsky.

Por quê?

Isso nem a Inteligência Artificial sabe. Se você pergunta o motivo da reversão daquela decisão de julho, a coitada da IA responde só com vagas hipóteses sem nenhuma consistência.

Mistério.

E quando há mistério há espaço para a fofoca e para a especulação.

Uma versão que circula por aí é a de que Trump teria percebido que foi enganado por uma fantasia apresentada a ele: a de que poderia dar uma tacada decisiva com o enquadramento do ministro como violador de direitos humanos. Nessa fantasia, faltava pouco para uma revolta popular derrubar STF e governo Lula. O motivo seria justamente a ameaça de prisão de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O carimbo da Lei Magnitsky na testa de Moraes seria a gota d’água que transbordaria o copo cheio dessa insatisfação. Trump teria o mérito de derrubar Lula e colheria o resultado de um governo dócil aos interesses dele no Brasil.

Bolsonaro foi preso, não houve revolta nenhuma e Trump teria percebido a farsa.

Outra versão é a de que Trump evita a aproximação com derrotados e fracassados em geral, tanto na política quanto na vida empresarial. E teria percebido que Bolsonaro foi duplamente derrotado: nas urnas e na justiça. Daí a virada para o lado de Lula. Daí aquela suposta e improvável “química”.

Seja qual for o motivo, a verdade é que o afastamento de Trump deixa os simpatizantes do “imbrochável” com a brocha na mão. Eu sei que os meus amigos bolsonaristas vão ficar bravos comigo. Mas não consegui resistir à tentação de incluir essa frase no texto e no título.

A sanção contra Moraes pela Magnitsky foi definida pelo principal ativista da formulação dela, o britânico William Browder, como “abuso das intenções da lei e deturpação da concepção original”. É preciso forçar muito a barra para classificar Moraes como autor de “graves violações de direitos humanos” ou “cleptocrata”. Por isso aquela definição de Browder um dia depois da aplicação das sanções.

Mas a sanção, no final de julho, foi muito celebrada por Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos nos Estados Unidos e pela galera bolsonarista no Brasil todo. Representava uma espécie de confirmação, uma espécie de aval do governo dos EUA para a imagem de “ditador togado” que é a que um grande número de brasileiros mais conservadores, ou mais “à direita”, têm desse ministro do Supremo.  

A retirada da punição, pouco mais de 4 meses depois, transforma aquele entusiasmo em ressaca, aquele sabor de vitória em gosto amargo de fracasso.

Já para quem não é bolsonarista, a revogação da sanção é celebrada como o capítulo final da desmontagem de uma narrativa.

Mas ainda vêm por aí novos capítulos dessa novela política. E um elemento que não pode ter a importância descartada ou subestimada é o impressionante poder de alavancar candidatos que Jair Bolsonaro, mesmo fragilizado, ainda conserva. Poder que pode ser decisivo nas eleições do ano que vem.

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