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Para quem viveu os tormentos da greve dos caminhoneiros de 2018, qualquer ameaça de que essa manifestação aconteça outra vez é, no mínimo, preocupante. E este fato está ficando cada vez mais possível.
O representante da União Brasileira dos Caminhoneiros, conhecido como Chicão Caminhoneiro, esteve nesta terça-feira (2/12) na sede da Presidência da República para protocolar oficialmente o documento que convoca uma paralisação nacional da categoria para esta quinta-feira (4/12). O ato simboliza que a mobilização está caminhando para se tornar realidade — e com alcance potencial para gerar impactos em todo o país.
Após deixar o protocolo, Chicão publicou um vídeo no Instagram em que reforça que o movimento teria sido “construído a várias mãos” e afirma que a paralisação seria fruto do esforço de “caminhoneiros, guerreiros, lutadores”. Ele também declarou que o protesto não teria cunho político, pedindo que todos respeitem as leis e garantam o direito de ir e vir da população.
Auxílio Duvidoso
Durante o vídeo divulgado nas redes sociais, Chicão aparece ao lado do desembargador aposentado Sebastião Coelho, cuja presença gerou questionamentos imediatos. Coelho afirmou que está oferecendo “apoio jurídico” ao movimento, dizendo que em breve divulgaria mais detalhes sobre a orientação legal que pretende seguir.
A figura do magistrado, porém, não é desconhecida do cenário político. Coelho já demonstrou apoio público ao ex-presidente Jair Bolsonaro e, recentemente, participou de convocações para atos em defesa da anistia ao ex-chefe do Executivo, que atualmente está preso na sede da Polícia Federal. A proximidade entre os dois reforça dúvidas sobre a real natureza da paralisação.
O Impacto da Greve de 2018
A lembrança da greve dos caminhoneiros de 2018 ainda assombra o país. Naquele ano, o Brasil enfrentou uma das maiores crises logísticas de sua história recente:
• prateleiras vazias nos supermercados,
• aeroportos sem combustível,
• hospitais em situação de alerta,
• desabastecimento de alimentos e insumos,
• prejuízo estimado em bilhões de reais.
Estradas bloqueadas por dias, tensão nacional e interferência direta do governo federal marcaram o episódio. A possibilidade de que algo semelhante volte a ocorrer em 2025 desperta preocupação tanto no setor produtivo quanto entre autoridades.
Adesão ao Movimento Não É Total
Apesar da convocação feita por Chicão Caminhoneiro, as principais lideranças nacionais do setor não reconhecem a greve. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirmou que “não tem conhecimento de qualquer mobilização oficial” e que nenhuma deliberação conjunta foi tomada pelas bases. Wallace Landim, o Chorão — figura central na paralisação de 2018 — também criticou o movimento, classificando-o como uma tentativa de instrumentalização política. Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) reforçou que não apoia paralisações com motivação política, deixando claro que a convocação não partiu das entidades que historicamente negociam em nome dos caminhoneiros.
