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Uma faixa com os dizeres “estabelecimento fechado pelo Comando Vermelho” pendurada na fachada de uma academia em Belém gerou grande repercussão nesta quinta-feira (6). O local pertence ao vereador Zezinho Lima (PL) e à esposa, Rayssa Lima. Horas depois, equipes da Polícia Militar do Pará removeram o material, sob orientação ainda não detalhada oficialmente. A imagem da faixa viralizou nas redes sociais, enquanto a capital paraense vive dias de intensa movimentação internacional por conta da COP30.
Da inauguração à escalada de ameaças
A academia, inaugurada no início de 2024, era apresentada pelo casal como um negócio familiar voltado à promoção da saúde e ao empreendedorismo local. Zezinho Lima, conhecido pelo discurso conservador e por vídeos em que aparece empunhando um porrete em atos públicos, dizia que o projeto simbolizava a “vitória da família e do trabalho”.
Em 26 de junho, o estabelecimento foi alvejado por tiros durante a madrugada. As câmeras de segurança registraram o ataque, que deixou a fachada danificada, sem feridos. O vereador atribuiu o atentado a criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV), afirmando que se recusou a pagar “taxas de proteção” exigidas pela facção.
Em setembro, a Polícia Civil prendeu um suspeito de participação no ataque. Mesmo assim, o parlamentar e sua esposa decidiram manter o funcionamento da academia.
A morte de “LK” e o agravamento das ameaças
No fim de outubro, uma megaoperação no Rio de Janeiro resultou na morte de mais de 20 integrantes do Comando Vermelho, entre eles “LK”, apontado como um dos principais líderes da facção no Pará. O criminoso era considerado responsável pela cobrança de “taxas do crime” na região metropolitana de Belém.
A morte de “LK” provocou uma onda de tensão entre grupos locais. Nas redes sociais, áudios e mensagens com ameaças a Zezinho Lima começaram a circular, relacionando sua postura crítica ao crime organizado com a morte do traficante.
Em vídeo publicado no fim de outubro, o vereador comentou a operação e desdenhou dos mortos, afirmando:
“Que os mortos já estejam no inferno. Era isso que precisavam fazer aqui também. O Pará precisa de uma megaoperação dessas.”
As declarações foram amplamente compartilhadas nas redes, aumentando a exposição do parlamentar e o clima de hostilidade.
A faixa e a retirada pela PM
Diante das novas ameaças, Zezinho decidiu fechar a academia no início de novembro. Como forma de protesto, pendurou na fachada uma faixa com a frase:
“Estabelecimento fechado pelo Comando Vermelho.”
O gesto rapidamente viralizou. Em poucas horas, vídeos e fotos circularam mostrando a movimentação de curiosos e a presença da Polícia Militar na Avenida Augusto Montenegro.
Na tarde desta quinta-feira (6), os militares removeram a faixa. Em novo vídeo, Zezinho questionou a ação:
“Quem mandou retirar a faixa? Pra que esconder a nossa realidade das autoridades do mundo?”, escreveu o vereador, em publicação feita no mesmo dia.
Até o momento, a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública (Segup) não informaram o motivo da retirada do material. Também não há confirmação de boletim de ocorrência referente às novas ameaças relatadas pelo vereador.
