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Para garantir hospedagem suficiente aos participantes da COP30, o governo federal contratou dois navios de luxo — MSC Seaview e Costa Diadema — para servirem como hotéis flutuantes ancorados em Belém (PA). A operação, coordenada pela Embratur em parceria com a Secretaria Extraordinária da COP30, tem custo estimado de até R$ 263 milhões e envolve risco financeiro direto para os cofres públicos.
A capital paraense conta com cerca de 20 mil leitos na rede hoteleira, número insuficiente diante da expectativa de 50 mil visitantes para a conferência da ONU sobre o clima, marcada para novembro. Com a chegada dos cruzeiros, a capacidade de hospedagem foi ampliada em 6 mil leitos, totalizando 53 mil acomodações após outras expansões.
Os contratos com os navios incluem cerca de 3.900 cabines e todo o serviço de hospitalidade. A maior parte do investimento é composta por uma “garantia pública” de R$ 259 milhões. Na prática, se nem todas as cabines forem ocupadas, o governo cobrirá a diferença com recursos públicos — funcionando como uma espécie de seguro para as operadoras envolvidas na operação.
A gestão petista aposta que a maior parte dos custos será compensada por reservas de delegações e participantes, principalmente de países em desenvolvimento. Ainda assim, os valores das diárias são elevados: até US$ 220 (cerca de R$ 1.200) para países menos desenvolvidos e até US$ 600 (R$ 3.300) para os demais hóspedes.
Gabriela Lima, diretora de projetos da Secretaria da COP30, afirmou que cerca de 1.700 leitos já foram reservados. A comercialização das cabines é feita pela operadora Qualitours, selecionada por chamamento público. A infraestrutura portuária no Terminal de Outeiro, onde os navios ficarão atracados, foi revitalizada com recursos da Itaipu Binacional.
Os transatlânticos, que partiram da Itália apenas com tripulação, oferecem estrutura luxuosa, com piscinas, restaurantes e serviços de alto padrão. O MSC Seaview tem 20 decks, 74 metros de altura e pesa 150 mil toneladas. O Costa Diadema possui 19 decks e pesa 133 mil toneladas.
Apesar da grandiosidade da operação, o modelo de contratação com garantia de ocupação levanta questionamentos sobre a proporcionalidade do gasto público em tempos de ajuste fiscal. O ministro do Turismo, Celso Sabino, defendeu o investimento: “É um orgulho ver o nível de excelência da estrutura que estará à disposição dos participantes da COP30”, disse após visitar o Costa Diadema.
Cop do Luxo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou no dia 02/10 que a COP30 não será “a COP do luxo”, mas sim “a COP da verdade”. Porém, faltando uma semana para o início da COP30, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Janja da Silva, decidiram se hospedar a bordo do iate de luxo Iana III. Ou seja, há uma contradição entre falas e atos do presidente quando se trata de gastos para a conferência.
