Durante a oitiva, o depoente foi questionado sobre músicas que teriam feito sucesso em um determinado período, com letras que supostamente fariam apologia ao crime. Entre elas, foi citada a canção O Crime é Nós, que traz versos como “nós é bandido, nós até tem umas passagens” e, ao final, “baforou todo o meu bico, só quer me dar agora porque virei bandido”. Ao ser perguntado se era o autor da música, ele negou.

Também foi mencionada outra composição que termina com a frase “baby, eu sou bandido e trabalho no 7”, possivelmente fazendo alusão ao artigo 171 do Código Penal, referente ao crime de estelionato. O depoente afirmou que apenas um trecho da música é de sua autoria, ressaltando que diversos artistas participaram da criação da obra.

Indagado sobre sua atual fase profissional, ele declarou estar em um momento de amadurecimento e reforçou que essas músicas não fazem mais parte de seu repertório. “Hoje em dia sou mais empresário do que cantor”, afirmou. Ele disse ainda que atualmente agencia artistas como MC Daniel e Negão Original.

Ao ser questionado se permite que os artistas sob sua gestão produzam músicas com conteúdo relacionado à apologia ao uso de drogas ou ao crime, o empresário foi enfático: “Não. Isso não faz mais parte de nós”.

Este foi um trecho do depoimento do MC Ryan na CPI dos Pancadões, realizada na Câmara Municipal de São Paulo. Para o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, vereador Rubinho Nunes, alguns artistas intimados estariam ligados à exaltação do crime, ostentação relacionada ao tráfico ou à promoção de festas ilegais nas periferias.

MC Ryan se defende. Alega que não tem controle sobre onde suas músicas são tocadas e afirma que muitas letras são ficcionais ou buscam retratar a realidade das comunidades, sem fazer apologia ao crime. Ele também destacou que, atualmente, atua mais como produtor e que algumas das músicas antigas já não fazem parte do seu repertório.

Na visão dos vereadores da oposição, a comissão tem viés ideológico e pode acabar criminalizando manifestações culturais.

E você, como avalia a CPI dos Pancadões?