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Documentos reunidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelam fraudes graves no processo de filiação de aposentados a entidades...
Créditos: Agência Gov - Via Secom/PR
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Documentos reunidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelam fraudes graves no processo de filiação de aposentados a entidades associativas, no escândalo conhecido como “Farra do INSS”. Associações e sindicatos utilizaram fotos xerocadas e manipuladas de RGs em vez de selfies exigidas pelo novo sistema de biometria facial do Instituto Nacional do Seguro Social, implantado em 2024.

Entre as páginas de fichas de filiação e contratos usados para firmar Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, aparecem imagens antigas e até preto e branco coladas nas fichas onde deveriam constar fotos atuais dos aposentados. Em muitos casos, essas imagens foram coloridas artificialmente ou mostram os filiados visivelmente mais jovens.

A CGU identificou o uso de plataformas eletrônicas para simular legalidade nas filiações, burlando exigências como a biometria digital. Três empresas entraram na mira das investigações por desenvolverem ferramentas para a criação de documentos fraudulentos: Soluções Power BI Software Tecnologia e Internet, Confia Tecnologia da Informação e Dataqualify Desenvolvimento, Assessoria e Dados.

As fraudes beneficiaram entidades que arrecadaram cerca de R$ 2,2 bilhões em descontos indevidos de benefícios previdenciários. A operação foi desarticulada em abril deste ano pela Polícia Federal, por meio da Operação Sem Desconto.

Entre os casos mais graves está o da Cenap.Asa, descredenciada pelo INSS em 2023 e atualmente processada por irregularidades. A entidade usava imagens dos RGs em vez de selfies e aparece em múltiplas reclamações no site Reclame Aqui.

A empresa Power BI, comandada por Igor Dias Delecrode — também dirigente de três entidades investigadas — prestava serviços para pelo menos oito associações que arrecadaram R$ 1,4 bilhão em descontos. Já a Dataqualify, controlada por Anderson Ladeira, presidente da AASPA, é apontada como responsável por fichas sem autenticidade reconhecida judicialmente. A AASPA arrecadou R$ 6 milhões com os descontos.

A CGU também investiga a empresa Confia, contratada pelo Sindnapi e pela Anapps. Esta última teria faturado R$ 127 milhões e é ligada a Frei Chico, irmão do presidente Lula.

Outro personagem citado nas investigações é o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, que assinou acordos com entidades suspeitas e foi demitido em 2023. Segundo a PF, ele recebeu repasses milionários de lobistas ligados às associações, como Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.

Decisões judiciais têm desconsiderado as fichas e assinaturas apresentadas pelas entidades por inconsistências como geolocalização incompatível e ausência de dados mínimos de verificação. O Judiciário vem reconhecendo a ilegalidade das filiações e determinando o cancelamento dos descontos nos benefícios dos aposentados.

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