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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou como “surpreendente” a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em declaração à imprensa nesta quinta-feira (11), o republicano demonstrou insatisfação com a decisão da Primeira Turma da Corte, que sentenciou Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Questionado sobre o caso enquanto embarcava para Nova York, onde acompanharia um jogo de beisebol, Trump disse ter conhecido Bolsonaro como presidente do Brasil e considerou a decisão inesperada. O norte-americano ainda traçou um paralelo entre a condenação do aliado e os processos que enfrenta nos Estados Unidos relacionados à tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020 e ao ataque ao Capitólio.
“É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum”, declarou.
Aproximação entre Trump e Bolsonaro
As declarações reforçam a ligação histórica entre os dois líderes de direita, iniciada durante seus mandatos presidenciais e mantida após a saída de Bolsonaro do poder. Em julho, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para anunciar a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando perseguição política a Bolsonaro.
Mais recentemente, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os Estados Unidos estariam dispostos a “usar meios militares” em defesa da liberdade de expressão, em referência ao julgamento do ex-presidente brasileiro. A declaração gerou resposta do Itamaraty, que repudiou qualquer ameaça de sanção econômica ou de força contra a democracia nacional.
Condenação no STF
O julgamento que condenou Bolsonaro e outros sete réus foi concluído na quinta-feira (11) pela Primeira Turma do STF. Por 4 votos a 1, os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin formaram maioria pela condenação, enquanto Luiz Fux votou pela absolvição.
O ex-presidente foi considerado culpado por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Para os ministros, houve um plano sistemático liderado por Bolsonaro e seus aliados para desestabilizar instituições e impedir a alternância de poder após a derrota nas eleições de 2022.