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Dois anos após o motoboy Evandro Alves da Silva ser baleado nu dentro de um banheiro por policiais militares durante a Operação Escudo, o caso segue como o único ainda em aberto no Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O episódio ocorreu em 30 de agosto de 2023, no Morro José Menino, em Santos, e até hoje não houve denúncia formal nem arquivamento por parte do órgão.

Segundo o MP-SP, o caso é apurado simultaneamente pela Polícia Civil, pela Polícia Militar e pela Promotoria de Justiça, por meio de um Procedimento Investigatório Criminal (PIC), que estaria em fase avançada. Três policiais militares foram interrogados na Promotoria no dia 22 de agosto de 2025.

Evandro, hoje com 45 anos, trabalhava como mototaxista e havia alugado um imóvel para servir como ponto de apoio para a categoria. No dia do episódio, ele estava sozinho no local e foi atingido por tiros de calibre 12 enquanto usava o banheiro. Para tentar sobreviver, quebrou o vidro da janela e pulou de uma altura de 7 metros. Gravemente ferido, ficou 45 dias internado, sendo 23 deles em coma.

As imagens das câmeras corporais dos PMs contestam a versão oficial, que dizia que Evandro estava armado e tentou resistir à abordagem. Os vídeos mostram os policiais posicionando armas na janela do banheiro e efetuando os disparos. Nas cenas, Evandro aparece nu, pedindo socorro e dizendo que foi confundido.

Os agentes envolvidos pertencem ao 5º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) e foram identificados como sargento Thiago Freitas da Silva, soldados Daniel Pereira Noda, Carlos Vinicius Batista Bruno e um quarto militar identificado apenas como soldado Santos.

Mesmo baleado e sem arma aparente nas imagens, Evandro foi indiciado por resistência e porte ilegal de arma. A pistola teria sido encontrada sobre uma cama no imóvel, mas o vídeo mostra que o objeto não estava no local inicialmente, o que levanta suspeitas de que a arma possa ter sido plantada.

A esposa e advogada de Evandro, Anna Fernandes Marques, sustenta essa hipótese. “A arma estava do lado oposto de onde ele estava, em cima da cama, e aparece no vídeo só depois de alguns minutos. O Estado destruiu 25 anos de esforço de ressocialização que fizemos”, desabafou.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que o inquérito policial foi concluído e aguarda parecer do Judiciário para adoção de medidas cabíveis.

A Operação Escudo foi deflagrada em julho de 2023 após a morte do PM Patrick Bastos Reis. A ação, realizada na Baixada Santista, resultou na morte de 28 pessoas e recebeu diversas denúncias de abusos, tortura e execuções. Segundo o MP-SP, sete denúncias já foram oferecidas contra 13 policiais, mas o caso de Evandro é o único que permanece em aberto.

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