O presidente da Argentina, Javier Milei, precisou ser retirado às pressas de uma carreata nesta quarta-feira (27) depois que homens atiraram pedras e garrafas contra o veículo em que estava. O ato político ocorria em Lomas de Zamora, na região metropolitana de Buenos Aires, como parte de um evento do partido A Liberdade Avança.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o presidente acenando da caçamba de uma picape, quando começa o tumulto. O deputado José Luis Espert, que acompanhava Milei, deixou o local em uma moto. Segundo a imprensa argentina, militantes de oposição insultaram e lançaram objetos contra o grupo, o que levou à suspensão imediata da carreata.
Um porta-voz oficial informou que não houve feridos. No entanto, Espert afirmou que uma fotógrafa da campanha foi atingida por uma pedra e acusou militantes ligados à ex-presidente Cristina Kirchner de estarem por trás da violência. “Percorremos vários quarteirões em paz, com alegria e euforia, e em certo momento pedras caíram muito perto do presidente”, declarou.
Crise política e denúncias de corrupção
O episódio ocorre em um momento de forte crise no governo Milei, marcado por denúncias de corrupção. No dia 22 de agosto, a Justiça realizou buscas em uma investigação sobre um suposto esquema de propinas envolvendo funcionários de alto escalão e a irmã do presidente, Karina Milei.
Áudios atribuídos ao ex-dirigente da Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), Diego Spagnuolo, mencionam subornos na compra de medicamentos e citam Karina Milei e Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de Gestão Institucional, como beneficiários. Spagnuolo afirma que chegou a conversar com o próprio presidente sobre os desvios.
Na operação de busca, a Justiça apreendeu carros, celulares, uma máquina de contagem de dinheiro e US$ 266 mil em espécie. A veracidade das gravações, no entanto, ainda não foi comprovada, e até o momento não houve prisões ou acusações formais.
Derrotas no Congresso
O presidente também enfrenta dificuldades no Legislativo. Sua agenda de austeridade e reformas econômicas vem sofrendo derrotas sucessivas no Congresso, e a relação com a vice-presidente Victoria Villarruel, que preside o Senado, se deteriorou ao ponto de rompimento.
As eleições legislativas de outubro, vistas como um teste para a popularidade de Milei e para o fôlego de seu programa de governo, devem ocorrer em meio a esse ambiente de instabilidade política e social.