Advogado apontou sobrecarga familiar como fator ignorado pelas autoridades
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O programa ISFM NEWS desta quarta-feira (16) abordou o caso da adolescente de 14 anos que incendiou o apartamento e matou a irmã de 11 meses em Guarujá, no litoral de São Paulo. O incidente ocorreu na última segunda-feira (14) e deixou mais uma vítima, de 2 anos, em estado grave.
O advogado Marcelo Pavão classificou o caso como “estarrecedor” e disse ser impossível não se emocionar com a história. Ele chamou atenção para um ponto que, segundo ele, foi ignorado pelas autoridades: a sobrecarga imposta à menina, que era responsável por cuidar sozinha dos três irmãos menores e ainda pelas tarefas domésticas.
“Estão vendo essa menina como psicopata, como assassina, que precisa sim ser estudada por psicólogos e psiquiatras”, afirmou, mas ponderou que o comportamento dela indica um colapso emocional. “Ela chegou na casa de um vizinho dizendo que os problemas dela haviam acabado. Isso não é de um psicopata, é de uma pessoa que está no seu limite emocional.”
Pavão destacou que essa realidade se repete em várias partes do Brasil, onde crianças acabam assumindo o papel de cuidadoras porque os pais precisam trabalhar. “Esse caso chegou no limite, será que é o único?”, questionou. Para ele, o episódio revela uma prática comum, ainda que forçada pela necessidade, e reforça a urgência por mais creches e escolas em tempo integral.
Ele também citou um detalhe revelador do interrogatório: quando perguntaram por que a menina não fez nada contra o irmão que estava no parquinho, ela respondeu que “ele não dava trabalho”.
O advogado concluiu que a tragédia deve servir de alerta para a sociedade e as autoridades. “Que a gente aprenda com essa tragédia que aconteceu, porque quem pagou com a vida foi uma criança de 11 meses e uma outra ainda está em estado grave no hospital.”
Apresentado pelo jornalista Paulo Schiff, o ISFM News é transmitido pela rádio ISFM 100,7, de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30. O programa também pode ser acompanhado pelo canal ISFM no YouTube.
A notícia
Uma adolescente de 14 anos foi apreendida após incendiar o apartamento onde morava com os irmãos, no bairro Cantagalo, em Guarujá (SP). O incêndio matou uma bebê de 11 meses e deixou um menino de 2 anos internado em estado grave na UTI.
Segundo a PM, o fogo começou por volta das 14h10 de segunda-feira (14) e foi parcialmente controlado por moradores. Um vizinho entrou pela janela e conseguiu resgatar as crianças. A bebê morreu por inalação de fumaça e o menino sofreu queimaduras e lesões nas vias aéreas.
Em depoimento, a jovem alegou que estava sobrecarregada com os cuidados dos irmãos e planejou o incêndio. Ela pesquisou na internet como provocar explosões com gás, ateou fogo no tapete, abriu o registro e trancou a porta.
A adolescente foi encaminhada à Fundação Casa por decisão judicial. A Prefeitura de Guarujá lamentou o caso e afirmou que está prestando apoio às vítimas e reforçando ações em saúde mental para famílias e crianças do município.
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