Produto artesanal de Alagoa/MG supera mil concorrentes de 16 países e reforça tradição mineira
Em cinco edições já realizadas do concurso de queijo artesanal da ExpoQueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards, esta foi a primeira vez que um queijo brasileiro conquistou o Prêmio Super Ouro. O vencedor da edição 2025 foi o Queijo Pedra do Segredo, produzido no pequeno município de Alagoa, no Sul de Minas Gerais.
O queijo vencedor leva o nome da queijaria Pedra do Segredo onde é produzido. E o segredo de ter um queijo tão bom está, justamente no aproveitamento dos recursos naturais do município de apenas 2 mil habitantes, conforme destacou a representante da queijaria, Tatiany de Barros Siqueira.
“Ele é um queijo de massa semi cozida. A gente tem um processo de maturação natural. O queijo fica exposto na prateleira e a gente vai tombando. Não temos controle de umidade, de temperatura, não temos uma cave. É o nosso clima o grande diferencial. Não há interferência externa nenhuma”, destacou.
O produto concorreu na categoria queijo de leite cru, casca lisa e/ou lavada, com ou sem aquecimento, acima de 180 dias de maturação, e obteve a maior pontuação, entre as mil amostras inscritas por 16 países. Com massa consistente, pele amarelada e centro cremoso, o queijo Pedra do Segredo apresenta cristais de tirosina — sinal de maturação avançada — formados naturalmente durante a decomposição das proteínas em aminoácidos.
O Brasil obteve o maior número de premiações máximas, com 39 ouros. Minas Gerais foi o estado com maior destaque, reafirmando sua posição como referência nacional na produção de queijos artesanais. Produtores de cinco países foram premiados com medalhas de ouro.
O produtor Renato Queirós de Castro, da cidade de Madre de Deus, no centro-sul do estado, foi bicampeão na categoria em que participou. “No ano passado ganhamos uma medalha de ouro com nosso queijo de 15 meses de maturação e, neste ano, conseguimos ouro com um queijo de 12 meses de maturação. Ficamos muito felizes, porque sabemos o quanto aqui é concorrido, e ter esse reconhecimento sempre é muito bom”, afirma.
Também receberam medalhas produtores de estados como Amazonas, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. A Queijaria Tradição D’Lourdes, do Amazonas, foi uma das mais premiadas da edição, com quatro ouros. “Os queijos premiados foram a ricota de búfala, o coalho de búfala, a mistura dos dois leites e o bovino. É uma grande felicidade levar para o Amazonas esses troféus”, diz a produtora Arleane Costa Figueiredo.
Outros três países conquistaram medalhas de ouro em suas categorias. A italiana Latteria di Branzi venceu na categoria queijo de leite cru com casca tratada, com o Stracchino alla Antica delle Valli Orobiche. “Esse queijo já ganhou ouro em 2021. Nós somos uma cooperativa e, quando a gente vem pela Itália, estamos representando os produtores que, assim como nós, acreditam em um queijo de identidade”, afirma Pedro Domenguini Albano, reforçando a presença da Itália no concurso.
A Argentina repetiu o bom desempenho de edições anteriores com o queijo Cuatro Esquinas, ouro na categoria de queijo pasteurizado com casca tratada. O Peru também teve uma amostra premiada com medalha de ouro, reforçando a presença sul-americana entre os vencedores. O Uruguai conquistou medalha de prata em uma das categorias de queijos aromatizados maturados. A França ficou com um bronze na categoria Queijo Leite de Ovelha.
A ExpoQueijo Brasil terminou ontem, mas a cerimônia de premiação do concurso queijo artesanal foi realizada no sábado (28), no Cine Teatro Tiradentes, em Araxá.
