Comportamento inédito observado por pesquisadores pode estar ligado ao tédio e à falta de estímulos no ambiente

Reprodução/Current Biology
Pesquisadores documentaram um comportamento inusitado entre macacos-prego-de-cara-branca (Cebus capucinus imitator) na Ilha Jicarón, parte do Parque Nacional de Coiba, no Panamá. Durante 15 meses de observações, iniciadas em janeiro de 2022, ao menos 11 filhotes de bugio (Alouatta palliata) foram sequestrados por jovens machos da espécie, sem aparente motivo evolutivo ou benefício direto.
O comportamento foi inicialmente registrado por armadilhas fotográficas, que capturaram imagens de um macaco-prego macho, apelidado de “Joker”, carregando um filhote de bugio nas costas. Posteriormente, outros machos jovens foram observados realizando ações semelhantes.
Os filhotes sequestrados, todos com menos de quatro semanas de vida, não sobreviveram, pois os macacos-prego não forneciam os cuidados necessários, como alimentação adequada. Embora não tenham sido observados atos de violência direta, os filhotes morriam devido à falta de cuidados maternos.
Cientistas sugerem que esse comportamento pode ser resultado do tédio e da busca por estímulos em um ambiente com poucos predadores e baixa competição social. A ausência de benefícios claros e a repetição do ato por diferentes indivíduos indicam uma possível “moda cultural” entre os macacos-prego da região.
Este é o primeiro registro documentado de uma tradição social em que animais sequestram repetidamente filhotes de outra espécie sem benefício evidente, levantando questões sobre a complexidade do comportamento animal e suas motivações.