|
Getting your Trinity Audio player ready...
|
Um dia após o temporal violento que atingiu Erechim, no norte do Rio Grande do Sul, a cidade começa a entender a dimensão do estrago. Nesta segunda-feira (24), equipes da Prefeitura e da Defesa Civil estadual intensificam o atendimento aos moradores, fazem levantamento dos danos e distribuem lonas para quem perdeu o telhado — mas também fazem um alerta importante: subir no telhado agora é perigoso e já há casos de acidentes com moradores tentando fazer reparos por conta própria.
Situação de emergência
O município decretou situação de emergência para agilizar a compra de materiais e reforçar equipes de campo. Um ponto de distribuição de lonas foi montado para atender famílias que passaram a noite expostas à chuva e ao vento. Muitos moradores carregaram as lonas nas costas e voltaram caminhando para tentar proteger o que restou das casas.
A Defesa Civil reforçou o pedido para que as pessoas não subam nos telhados instáveis, já que estruturas podem estar comprometidas. Relatos dão conta de moradores que se machucaram tentando trocar telhas ou apenas verificar os danos. Técnicos lembram que o trabalho de reparo precisa ser feito com avaliação estrutural e apoio profissional, devido ao risco de quedas e desabamentos.
As unidades de saúde seguem com atendimento ampliado, após a chegada de dezenas de feridos leves desde o fim da tarde de domingo. Também há equipes visitando escolas e postos de saúde que sofreram danos.
Apenas 20 minutos
O episódio ocorreu por volta das 16h40 de domingo (23) e durou cerca de 20 minutos, mas foi o suficiente para mudar a paisagem da cidade. Pedras de granizo com entre 5 e 10 centímetros — comparadas por moradores a bolas de tênis — romperam telhados, quebraram vidros de carros e deixaram fachadas destruídas. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram bairros inteiros cobertos por lonas e estabelecimentos comerciais com a estrutura comprometida.
Combinação explosiva
Meteorologistas explicam que o fenômeno foi causado por uma nuvem do tipo cumulonimbus, responsável por tempestades severas. A combinação de ar quente e úmido na superfície com ar muito frio em altitude gerou fortes correntes verticais que sustentaram o gelo até o ponto de queda. Especialistas afirmam que já houve episódios de granizo na região do Alto Uruguai, mas classificam o de ontem como um dos mais intensos da história recente de Erechim.
Números
De acordo com balanço da Prefeitura e da Defesa Civil:
- mais de 32 mil pessoas afetadas — cerca de 8 mil famílias
- 162 feridos
- mais de 5 mil casas danificadas
- moradores desalojados e desabrigados
- escolas e unidades básicas de saúde atingidas
- Grande parte da cidade continua sem luz ou com comunicação instável. Há bairros onde ainda não foi possível concluir o levantamento, e o número de atingidos pode aumentar nos próximos dias.
Reconstrução e incerteza
Nas redes sociais, os vídeos continuam repercutindo: casas reduzidas a escombros, carros amassados e empresas paradas. Apesar da sensação de caos, o esforço agora é para evitar novos riscos e estabilizar o que ainda pode ser preservado. Telhados improvisados com lonas azuis e pilhas de telhas quebradas já fazem parte da paisagem.
A cidade, que sofreu em apenas 20 minutos um dos temporais mais intensos de sua história, tenta agora reorganizar a rotina e reconstruir o que foi possível salvar.
