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Uma operação da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), tropa de elite da Polícia Civil do Rio de Janeiro, terminou com a morte de Luiz Felipe Honorato Romão, conhecido como “Mangabinha”, apontado como soldado do Comando Vermelho e investigado por participação direta no assassinato do policial civil José Antônio Lourenço Júnior, o “Mocotó”, morto em maio deste ano durante uma incursão na Cidade de Deus.
A ação aconteceu na manhã desta sexta-feira (21) na Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro — a mesma comunidade onde o policial da Core foi morto meses atrás. Segundo a polícia, Mangabinha estava foragido, tinha dois mandados de prisão em aberto e era considerado um dos principais alvos da investigação.
Foragido, mas famosinho.
As investigações apontam que Mangabinha atuava como soldado do tráfico, principalmente nas áreas conhecidas como Karatê e 13, dentro da Cidade de Deus. Ele seria responsável pela proteção de pontos de venda de drogas e pela segurança de lideranças da facção.
A polícia afirma ainda que ele usava as redes sociais para ostentar armas, rádios e granadas, e chegou a publicar vídeos incentivando ataques a policiais. Acumulava cinco registros criminais, além de dois mandados de prisão — um por evasão do sistema prisional e outro pelo assassinato do agente da Core.
Cerca de seis meses atrás, Mangabinha chegou a se gabar nas redes sociais por ter atirado contra equipes da Core e por ter participado do ataque que matou o policial “Mocotó”.
O caso Mocotó
O policial civil José Antônio Lourenço Júnior, conhecido como Mocotó, fazia parte da Core e era considerado um agente experiente da tropa de elite. Ele foi assassinado em maio de 2025 durante uma incursão na Cidade de Deus.
De acordo com a investigação, o disparo que o atingiu teria sido feito em emboscada, com o atirador escondido atrás de um muro. O policial foi levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas não resistiu.
A partir desse episódio, a Delegacia de Homicídios e a Core passaram a mapear os envolvidos no ataque. Dois suspeitos já haviam sido mortos em confrontos anteriores:
- “Matuê”, apontado como chefe do tráfico na Gardênia Azul;
- “Ratomen”, gerente do tráfico na Cidade de Deus.
Mangabinha era considerado um dos últimos nomes-chave dessa investigação.
A operação desta sexta-feira
A Core deflagrou a operação na manhã desta sexta (21) com o objetivo de cumprir mandados de prisão relacionados ao caso Mocotó. Segundo a polícia, Mangabinha foi localizado armado em uma área de domínio do tráfico. Na tentativa de efetuar a prisão, houve troca de tiros, e ele foi atingido e morreu no local.
O confronto foi tratado pelas equipes como desdobramento direto das investigações sobre a morte de Mocotó.
O vídeo antes do confronto
Pouco antes de ser localizado pela polícia, circulou nas redes um vídeo em que Mangabinha aparece dançando funk, com cerveja na mão, usando colete à prova de balas e exibindo armas. A gravação viralizou após sua morte e passou a ser usada como símbolo de ostentação e desafio às forças de segurança.
Para investigadores, o vídeo representa a imagem de criminosos que utilizam a internet como vitrine — e que, ao mesmo tempo, acabam expostos por ela.
Investigação continua
Apesar da morte de Mangabinha, a polícia afirma que a investigação não está encerrada. Outros integrantes do Comando Vermelho ainda estão sendo monitorados, e a Cidade de Deus permanece em alerta.
Fontes ligadas à segurança pública reforçam que, mesmo com a morte de Matuê, Ratomen e agora Mangabinha, a estrutura da facção continua ativa na região. A Core e a Delegacia de Homicídios ainda devem divulgar o balanço oficial da operação, e o Ministério Público pode ser acionado para definir os próximos passos do caso Mocotó, que agora entra em uma nova fase.
Dentro da Polícia Civil, o episódio é tratado como uma resposta direta à morte do agente da Core, e também como parte de uma guerra urbana que muda de endereço — mas que nunca deixa de existir no Rio de Janeiro.
