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Na noite de ontem, em Bangcoc, na Tailândia, a mexicana Fátima Bosch Fernández, de 25 anos, nascida em Teapa, no estado de Tabasco, foi coroada Miss Universo 2025. Na reta final, ela dividiu o palco com a representante da Tailândia, que ficou em segundo lugar, e com a candidata da Venezuela, que completou o pódio. A coroação encerrou uma disputa marcada por tensão, bastidores conturbados e uma virada digna de roteiro de cinema.

A vitória de Fátima não foi apenas mais um título em um concurso de beleza. Foi a cena final de uma história de superação. E, para muitos, a conquista da mexicana é uma história de cinema — com humilhação pública, revolta coletiva e uma resposta silenciosa: a coroa.

Humilhação pela organização do evento

Dias antes da final, durante um evento prévio do concurso, o clima de glamour deu lugar a um constrangimento generalizado. Em uma cerimônia interna, o empresário tailandês Nawat Itsaragrisil, figura influente no mundo dos concursos, chamou Fátima Bosch à frente das demais candidatas e a repreendeu em público.

Diante das câmeras e de dezenas de misses, ele a acusou de não estar divulgando o evento e o país-sede como deveria, insinuando que ela estaria desrespeitando a organização. O tom foi subindo até que ele a tratou de forma depreciativa, usando termos como “tonta” e colocando em dúvida o compromisso dela. A segurança chegou a ser acionada para retirá-la do local.

Fátima, no entanto, não se calou. Em vez da postura submissa que muitos esperam de candidatas em concursos de beleza, ela respondeu, olhando para ele, que não estava sendo respeitada como mulher. Esse momento marcou a virada da narrativa.

União e pedido de desculpas

Em apoio à mexicana, várias misses se levantaram, deixaram seus lugares e se retiraram do ambiente em protesto. Entre elas, estava inclusive a então detentora do título, que decidiu sair em solidariedade à colega.

O gesto coletivo mandou um recado claro: as misses não são mais fantoches. São mulheres jovens, preparadas, com opinião própria e dispostas a reagir quando veem injustiça ou abuso de poder.

A pressão da opinião pública e das próprias concorrentes obrigou a organização a se manifestar. A direção internacional do Miss Universo divulgou nota condenando qualquer forma de desrespeito e reforçando que as participantes devem ser tratadas com dignidade. O empresário tailandês acabou vindo a público para pedir desculpas, dizendo que havia “passado do ponto” e que sua intenção teria sido mal interpretada.

Mas, naquele momento, a imagem que ficou foi outra: uma jovem mexicana, diante de um homem poderoso no palco, dizendo que não aceitaria ser desrespeitada — e outras dezenas de mulheres se levantando ao lado dela.

Digno de Hollywood

Depois do episódio, Fátima poderia ter se abalado, recuado ou desaparecido discretamente no meio das demais. A reação foi justamente a oposta.

Nos dias que se seguiram, ela manteve a postura firme, participou normalmente dos eventos oficiais e foi ganhando apoio nas redes sociais. Torcedores do México e de outros países passaram a tratá-la como símbolo de resistência dentro do concurso.

Na noite da final, esse enredo explodiu diante do mundo. Ao responder às perguntas derradeiras, Fátima falou sobre voz feminina, respeito e a importância de se levantar contra situações injustas, deixando claro que a experiência recente havia marcado sua trajetória. Quando seu nome foi anunciado como a nova Miss Universo, a coroação soou, para muitos, como uma espécie de resposta elegante à humilhação que ela sofreu dias antes.

Quem é Fátima Bosch?

Fátima Bosch nasceu em Teapa, Tabasco, uma região que raramente ganha destaque nesse tipo de competição. Ela estudou design de moda, com formação no México e experiências em instituições da Itália e dos Estados Unidos.

Antes de chegar ao cenário internacional, participou de concursos locais e regionais, acumulando títulos e experiência. Também se envolveu em projetos de moda sustentável e ações sociais, incluindo apoio a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade e iniciativas ligadas à saúde mental.

No Miss Universo México, em 2025, ela quebrou uma barreira ao se tornar a primeira representante de Tabasco a conquistar o título nacional, garantindo assim a vaga para o concurso mundial.

Um símbolo que vai além da beleza

Para o México, a conquista reforça o país como potência em concursos de beleza e coloca Tabasco no mapa mundial. Para o público, a imagem que fica é a de uma geração de misses que não aceita mais o papel de figura decorativa.

Na prática, a noite de ontem não coroou apenas a mulher mais bela do concurso. Selou também uma mensagem: quando uma humilhação é enfrentada com coragem, respeito e união, o final pode ser de glória.

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