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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi preso nesta terça-feira (21) para cumprir pena de cinco anos, após ser condenado por...
Créditos: Patrick Hertzog/Reuters
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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi preso nesta terça-feira (21) para cumprir pena de cinco anos, após ser condenado por conspiração com o objetivo de arrecadar fundos para sua campanha presidencial de 2007, utilizando dinheiro proveniente do regime de Muammar Khadafi, líder da Líbia na época. Sarkozy é o primeiro ex-presidente da França a ser preso desde Philippe Pétain, condenado por traição em 1945.

Sarkozy, que governou a França entre 2007 e 2012, foi condenado por associação criminosa, depois de ser acusado de ter conspirado com assessores próximos para financiar sua campanha com dinheiro líbio. Ele teria prometido favores diplomáticos a Khadafi em troca do apoio financeiro, o que, segundo a promotoria, foi parte de uma estratégia para aliviar a imagem do ditador líbio junto aos países ocidentais. No entanto, Sarkozy sempre negou as acusações e afirmou ser vítima de uma motivação política.

O dia da prisão e a reação pública

Sarkozy, de 70 anos, foi levado à prisão de La Santé, em Paris, uma das mais conhecidas do país, onde ficará em uma cela isolada com cerca de 9 metros quadrados, equipada com chuveiro, banheiro, TV e telefone fixo. Sua chegada ao local foi cercada por forte esquema de segurança, e mais de 100 pessoas se reuniram em frente à sua casa no luxuoso 16º distrito de Paris, após convocação de seu filho, Louis Sarkozy. Durante sua prisão, o ex-presidente publicou uma mensagem nas redes sociais, reiterando sua inocência e dizendo que manteria “a cabeça erguida” ao entrar na prisão.

“Não sintam pena de mim”, escreveu ele, “porque minha esposa e meus filhos estão ao meu lado, mas esta manhã sinto profunda tristeza por uma França humilhada por um desejo de vingança”. Sarkozy ainda apresentou um recurso contra sua condenação e, por ora, continua sendo considerado legalmente inocente, embora tenha começado a cumprir a pena devido à “excepcional gravidade dos fatos”, segundo o tribunal.

O caso e a reação política

O esquema de arrecadação ilegal de fundos foi um dos maiores escândalos políticos da França nos últimos anos. A investigação envolveu uma série de conversas entre assessores de Sarkozy e representantes do regime de Khadafi, incluindo um encontro em 2005 com o chefe de inteligência de Khadafi, realizado por intermédio de um franco-libanês. Embora Sarkozy tenha sido inocentado de receber dinheiro pessoalmente, ele foi condenado por conspirar para arrecadar os fundos com a ajuda de dois assessores próximos, Brice Hortefeux e Claude Guéant.

O caso gerou uma enorme repercussão política e social, e a prisão de Sarkozy tornou-se um marco na história da política francesa. Antes de sua prisão, ele foi recebido pelo presidente Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu, que, em um gesto de apoio, afirmou que era normal receber um antecessor em um contexto tão delicado.

Próximos passos e o legado de Sarkozy

Com a prisão de Sarkozy, a França enfrenta um momento político complexo, já que o ex-presidente foi uma das figuras centrais do conservadorismo francês nas últimas décadas. A sentença de prisão de Sarkozy é um reflexo das crescentes tensões políticas e judiciais no país, e sua condenação não só abalou sua carreira, mas também marcou um precedente importante para o tratamento de ex-líderes em questões de corrupção e abuso de poder.

Enquanto cumpre pena, Sarkozy tem o direito de ler livros e se exercitar por uma hora diariamente, além de poder escrever sobre sua experiência na prisão. Ele levará consigo dois livros, A Vida de Jesus e O Conde de Monte Cristo, o último sendo uma obra sobre injustiça e vingança, que parece refletir sua visão sobre o processo que o levou à prisão.

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