A primatologista Jane Goodall, referência mundial no estudo do comportamento animal e símbolo da defesa do meio ambiente, morreu aos 91 anos, enquanto dormia, de causas naturais. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (1º) pelo Instituto Jane Goodall. Ela estava na Califórnia, em meio a uma turnê de palestras nos Estados Unidos.

Reconhecida por transformar a forma como a ciência enxerga os animais, Goodall iniciou sua trajetória em 1960, aos 26 anos, na Reserva de Chimpanzés de Gombe, na Tanzânia, a convite do antropólogo Louis Leakey. Sem formação universitária formal na época, ela passou meses se aproximando dos chimpanzés, registrando comportamentos que até então eram considerados exclusivos dos humanos: uso de ferramentas, caça em grupo, laços familiares e demonstração de emoções.

Suas descobertas desafiaram a ciência tradicional e lhe renderam destaque mundial, incluindo a publicação de um artigo histórico na National Geographic em 1963. Com métodos inovadores, como dar nomes em vez de números aos animais, Goodall abriu espaço para novas gerações de pesquisadoras mulheres e mudou a primatologia para sempre.

Ao longo da carreira, fundou em 1977 o Instituto Jane Goodall, referência internacional em conservação, e lançou o projeto Roots & Shoots, voltado à educação ambiental de crianças e jovens. Também atuou politicamente em defesa do clima e da biodiversidade, recebendo diversos reconhecimentos, como o título de Dama do Império Britânico (2003), a nomeação como Mensageira da Paz da ONU (2002) e, neste ano, a Medalha Presidencial da Liberdade nos EUA.

Nos últimos anos, seguia ativa, viajando pelo mundo e mobilizando governos e comunidades contra as mudanças climáticas. Admirada globalmente como a “amiga dos chimpanzés”, Goodall deixa um legado científico e humanitário que ultrapassa fronteiras.