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A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP) ajuizou uma ação cautelar fiscal contra 55 réus, entre empresas operacionais, holdings patrimoniais, fundos de investimento, usinas, transportadoras e uma fintech, com o objetivo de bloquear mais de R$ 7,6 bilhões. A liminar foi integralmente deferida pela Justiça estadual.
A medida faz parte da Operação Spare, deflagrada nesta quinta-feira (25) em conjunto com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Polícia Militar, Secretaria da Fazenda e Planejamento (Sefaz/SP) e Receita Federal. A ação é considerada um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que havia revelado, em agosto, um esquema semelhante no setor de combustíveis com participação de integrantes de uma facção criminosa.
Investigações começaram em Santos
As apurações tiveram início em 2020, quando a Polícia Militar encontrou uma casa de jogos clandestinos em Santos. Uma das máquinas apreendidas estava vinculada a um posto de combustíveis, o que levou os investigadores a rastrear recursos desviados para uma fintech usada para centralizar operações financeiras do grupo criminoso.
O esquema também envolvia postos de combustíveis, hotéis, motéis e empresas de fachada na Grande São Paulo e na Baixada Santista, movimentando milhões de reais. Só os motéis identificados no esquema lavaram R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.
Segundo o MPSP, o grupo mantinha contabilidade paralela para dificultar o rastreamento das operações financeiras. As conexões também envolviam compras conjuntas de metanol para abastecer postos ligados à rede criminosa.
Bloqueio de valores e combate ao crime organizado
Durante coletiva, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que a operação é parte da estratégia de “asfixia financeira” contra o crime organizado. O procurador-geral adjunto do Estado, Caio Guzzardi, destacou que o bloqueio dos valores é fundamental para a recuperação de ativos desviados.
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ressaltou que a operação cumpre dezenas de mandados de busca e apreensão em várias regiões do estado e reafirmou a prioridade do governo no combate às facções.
Já o subsecretário adjunto da Receita Estadual, Paulo Ribeiro, explicou que a inteligência fiscal foi essencial para mapear conexões entre pessoas físicas e jurídicas e impedir a criação de novas empresas ligadas ao grupo. Segundo ele, um dos grupos já soma mais de R$ 500 milhões em dívidas ativas, enquanto autos de infração ultrapassam R$ 7 bilhões.
Força-tarefa integrada
A Operação Spare mobilizou mais de 110 policiais militares do Comando de Choque e unidades especializadas, além de agentes da Receita Federal, Ministério Público, Secretaria da Fazenda e Procuradoria-Geral do Estado.