A Toyota interrompeu as atividades em todas as suas fábricas no Brasil devido à destruição da planta de motores em Porto Feliz (SP), atingida por um fenômeno climático extremo conhecido como microexplosão atmosférica. A paralisação afeta diretamente a produção dos modelos Yaris Cross, Yaris (exportação), Corolla e Corolla Cross, sem previsão de retomada.

A medida impacta as unidades de Sorocaba (SP) e Indaiatuba (SP), que dependem dos motores fabricados em Porto Feliz. Na planta destruída, eram produzidos os propulsores 2.0 Dynamic Force e o motor 1.5, este último utilizado nas versões exportadas do Yaris e na linha flex do Yaris Cross, que ainda estava em fase de preparação para produção. A fábrica também se preparava para montar o sistema elétrico dos conjuntos híbridos flex.

Apesar da crise, a empresa assegurou, junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, que não haverá demissões nas unidades afetadas. Em Sorocaba, onde atuam 4.500 trabalhadores, os funcionários entrarão em férias coletivas. Já em Porto Feliz, haverá uso de banco de horas antes da implementação do mesmo regime. A entidade sindical também negocia a adoção de layoffs como alternativa para garantir a manutenção dos postos de trabalho.

Durante o período de paralisação, previsto para durar no mínimo três meses, os salários serão mantidos integralmente para quem ganha até R$ 4.500. Quem recebe acima desse valor terá reposição de 95%, além da manutenção de benefícios como vale-refeição e convênio médico.

Dados do Dieese apontam que a fábrica de Sorocaba foi responsável por US$ 935,4 milhões em exportações entre janeiro e agosto de 2025 — o equivalente a 23,1% do total nacional. Com a inclusão de Indaiatuba, esse valor ultrapassa US$ 1,1 bilhão, representando cerca de 28% das exportações brasileiras no setor.

A Toyota havia anunciado em 2024 um investimento de R$ 11 bilhões até 2030 no Brasil, dos quais R$ 5 bilhões seriam aplicados até 2026, com foco na expansão da unidade de Sorocaba. A fábrica, ao contrário de grande parte do setor automotivo nacional, opera em plena capacidade, o que reforça sua importância estratégica para a montadora.