O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, detalhou como os investigadores chegaram até aos primeiros suspeito de participarem da execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Segundo ele, a identificação foi possível graças aos vestígios deixados nos veículos usados no crime, que permitiram cruzar informações de perícia e banco de dados criminais.

O suspeito apontado tem histórico criminal extenso, incluindo passagens por roubo, tráfico e internação na Fundação Casa quando era adolescente. Para Derrite, as provas encontradas nos carros foram determinantes para relacionar o homem à emboscada e avançar na investigação. Ainda não temos detalhes sober o segundo elemento.

Dois carros roubados na capital paulista foram utilizados na ação: uma Toyota Hilux, encontrada incendiada a poucos quilômetros da cena, e um Jeep Renegade, abandonado ainda ligado em outra área de Praia Grande. No Renegade, os policiais localizaram cápsulas deflagradas, carregadores de fuzil e pistola, além de resíduos de pólvora. Esses elementos indicaram o envolvimento do suspeito e ajudaram a traçar os próximos passos da apuração.

Mais detalhes da cena do crime

O ataque ocorreu na Avenida Roberto de Almeida Vinhas, em Praia Grande, logo após Ruy deixar a Prefeitura, onde atuava como secretário de Administração. Câmeras de segurança revelaram que os criminosos ficaram de tocaia por cerca de 15 minutos antes de iniciar a perseguição.

• Execução brutal: foram contabilizados 47 disparos de fuzil no local, vários deles atingindo diretamente o carro de Ruy Ferraz, embora ainda não haja confirmação oficial de quantos tiros acertaram o ex-delegado.
• Vítimas feridas: uma mulher foi baleada e recebeu alta ainda na noite do ataque; um homem permanece hospitalizado, mas sem risco de morte. Testemunhas relataram que uma avó presenciou o momento em que sua filha e seu neto foram atingidos pelos disparos. A jovem teve ferimentos na perna e foi liberada após atendimento, enquanto o rapaz, de 19 anos, sofreu fratura causada por tiro de fuzil e deve passar por cirurgia.
• Prefeito estava próximo ao crime: Mourão, prefeito de Praia Grande, estava nas proximidades no momento da execução e decretou luto oficial. Ele relatou que Ruy costumava circular em carro blindado, mas naquele dia estava em um veículo diferente, sem blindagem, situação considerada excepcional pelos funcionários da Prefeitura.

Ação coordenada e quarto envolvido

Derrite classificou a execução como “extremamente bem coordenada” e afirmou que pelo menos quatro criminosos participaram da emboscada. A precisão da operação levantou a hipótese de envolvimento de agentes públicos, possibilidade que não foi descartada pelas autoridades. Essa linha de investigação amplia o alcance da força-tarefa e adiciona um novo grau de complexidade ao caso.

Apoio do Ministério da Justiça

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ofereceu apoio federal às autoridades paulistas. A Polícia Federal colocou à disposição recursos de inteligência, análise de imagens, cruzamento de dados e perícia científica avançada. O reforço amplia a capacidade de investigação e deve acelerar a identificação de novos suspeitos.

Operação e próximos passos

A criação de uma força-tarefa foi determinada logo após o crime. Policiais civis, militares e equipes da Secretaria de Segurança estão reunindo imagens de câmeras, analisando rotas de fuga e aprofundando a perícia nos veículos abandonados.

Segundo Derrite, a operação deve ser ampliada com a entrada de mais agentes especializados em interceptação e inteligência. A expectativa é de que novos mandados de prisão sejam expedidos nos próximos dias, não apenas contra os executores, mas também contra eventuais mandantes ou apoiadores do crime.

Velório e despedida

O corpo de Ruy Ferraz foi velado na manhã desta terça-feira (16) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em cerimônia que reuniu familiares, colegas de corporação e autoridades. O sepultamento ocorreu no período da tarde, no Cemitério da Paz, no Morumbi, zona sul da capital.

Ruy não tinha filhos, mas deixa esposa e familiares próximos. Durante a carreira, ganhou destaque pelo enfrentamento ao crime organizado e por ser considerado inimigo do PCC. A cerimônia de despedida, marcada por homenagens e forte presença de policiais civis, reforça a pressão por respostas rápidas e pelo avanço das investigações.