Um áudio vazado abalou o cenário político argentino nesta semana ao mencionar a irmã do presidente Javier Milei, Karina Milei, em um suposto esquema de cobrança de propinas. A gravação é atribuída a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Deficiência, destituído recentemente do cargo.
O conteúdo da gravação
Na fala, Spagnuolo afirma que havia cobranças ilegais dentro da estrutura do governo e cita diretamente a irmã do presidente.
“Eles estão roubando, você pode fingir que não vê, mas não joguem esse fardo pra mim. Tenho todos os WhatsApps da Karina.”
A declaração sugere a existência de mensagens que comprovariam a participação de Karina Milei em negociações irregulares. Também foi citado o subsecretário de Gestão, Eduardo Menem.
Papel central de Karina Milei no governo
Karina Milei é considerada uma das figuras mais próximas e influentes do presidente. Apelidada de “El Jefe” (o chefe), ela atua como estrategista e conselheira pessoal do irmão, participando diretamente das decisões políticas e da articulação com aliados.
Sua presença constante ao lado de Javier Milei e sua influência nos bastidores fazem com que qualquer suspeita envolvendo seu nome tenha um impacto direto na estrutura de poder do governo. Se os áudios forem confirmados, a crise pode afetar não apenas a imagem do presidente, mas também a coesão interna do Executivo e o apoio da opinião pública.
Reação imediata das autoridades
Após a repercussão, a Justiça Federal argentina ordenou 16 mandados de busca em diferentes locais, incluindo uma drogaria investigada. A operação apreendeu celulares, computadores, documentos sobre licitações e compras de medicamentos, além de US$ 266 mil em espécie encontrados em envelopes na residência de um empresário do setor farmacêutico.
A investigação, conduzida pelo juiz Sebastián Casanello, corre sob segredo de Justiça. Até o momento, não há prisões nem acusações formais, já que a autenticidade dos áudios ainda precisa ser confirmada oficialmente.
Crise em momento sensível
O caso estourou em um período crítico para o governo argentino. Faltando pouco mais de dois meses para as eleições legislativas de 26 de outubro, o presidente Javier Milei enfrenta desgaste político e perda de apoio no Congresso.
Na última semana, o Parlamento derrubou um veto presidencial que impedia o aumento de recursos para pessoas com deficiência, o que foi interpretado como um sinal de enfraquecimento da base aliada do governo. O escândalo envolvendo sua irmã amplia a pressão sobre a Casa Rosada e levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de manter a estabilidade política.
