O influenciador paraibano Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos nesta sexta-feira (15), em Carapicuíba, na Grande São Paulo. A prisão é resultado de uma investigação conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que apura a exposição e exploração de menores de idade em vídeos produzidos para as redes sociais do criador de conteúdo.
Hytalo se tornou alvo de denúncias após o youtuber Felca, que tem mais de 4 milhões de inscritos, publicar um vídeo no dia 6 de agosto revelando práticas de “adultização” de crianças e adolescentes nos conteúdos do influenciador. Desde então, a Justiça da Paraíba determinou medidas como bloqueio das redes sociais de Hytalo, desmonetização de seus vídeos e proibição de contato com as supostas vítimas.
A prisão foi determinada pelo juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, e cumprida em uma ação conjunta entre o MPPB, MPT, Polícia Civil da Paraíba e de São Paulo, além da Polícia Rodoviária Federal.
Ações simultâneas e busca em imóveis
Antes da prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao influenciador. Na quinta-feira (14), a Justiça autorizou inclusive o arrombamento das portas, caso houvesse resistência, e foram apreendidos celulares e um computador em um dos imóveis, em João Pessoa. No dia anterior, uma tentativa de busca foi frustrada porque a residência estava fechada.
O advogado de defesa, Sean Abib, afirmou que Hytalo “não tinha conhecimento” da execução dos mandados por serem sigilosos, e declarou que o influenciador está à disposição da Justiça, negando todas as acusações.
Investigações em João Pessoa e Bayeux
O caso é investigado em duas frentes no MPPB. Em Bayeux, a promotora Ana Maria França apura denúncias de vizinhos sobre festas com bebidas alcoólicas e adolescentes fazendo topless no condomínio de Hytalo. Já em João Pessoa, o promotor João Arlindo investiga supostos esquemas de emancipação de menores, com oferta de presentes, como celulares, para familiares.
Segundo Arlindo, o relatório do inquérito deverá ser concluído na próxima semana. Hytalo já prestou depoimento em ambos os processos e negou todas as acusações. Os adolescentes, por sua vez, foram ouvidos apenas no processo de João Pessoa, para evitar revitimização.
Mais de 50 vídeos analisados
O Ministério Público do Trabalho também conduz uma investigação independente, com base em mais de 50 vídeos publicados nas redes sociais do influenciador. De acordo com o procurador Flávio Gondim, mais de 15 depoimentos foram colhidos, incluindo de pessoas que trabalharam na produção dos conteúdos.
A apuração inclui também a análise de documentos relacionados às atividades digitais de Hytalo. O procurador destacou que os vídeos e relatos indicam possíveis violações à dignidade de crianças e adolescentes.
