O Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou, nesta terça-feira (12), um relatório sobre a situação dos direitos humanos no Brasil e apontou deterioração do cenário nacional, com críticas às ações das forças de segurança pública. O documento menciona denúncias de execuções cometidas por policiais durante as operações Escudo e Verão, ambas realizadas na Baixada Santista.
Entre os casos destacados está o de Fábio Oliveira Ferreira, morto em julho de 2023 durante a Operação Escudo, em Guarujá. Segundo a denúncia, ele foi executado após se render. Dois policiais da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foram acusados de homicídio qualificado e ocultação de provas. Um capitão teria efetuado três disparos após a rendição, enquanto um cabo teria atirado duas vezes contra Ferreira, que já estava caído. Ambos foram absolvidos pela Justiça de São Paulo em dezembro de 2023, mas o Ministério Público recorreu — o recurso ainda está em análise.
A Operação Escudo foi deflagrada após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, também da Rota, em Guarujá, e durou 40 dias entre julho e setembro de 2023, resultando na morte de 28 civis.
Já a Operação Verão, com foco no combate ao crime organizado, teve sua terceira fase iniciada em fevereiro de 2024. Até agora, 56 mortes foram registradas em intervenções policiais nas cidades de Santos, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, Itanhaém e Cubatão. A ação foi motivada pela morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, atingido por um disparo no bairro Bom Retiro, em Santos.
No mesmo dia da divulgação do relatório americano, uma nova troca de tiros entre policiais e suspeitos foi registrada em Guarujá. Um homem morreu e dois foram presos em flagrante na Rua Conceição A. Vendramin Bernardino, no bairro Vila Júlia — o mesmo local onde o soldado Patrick Bastos foi morto, episódio que deu origem à Operação Escudo. A região é conhecida como ponto de tráfico de drogas.
