Lula diz que salário de R$ 46 mil “não é muito” e fala sobre reforma do Imposto de Renda

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Presidente brinca sobre seus rendimentos e destaca necessidade de justiça tributária em evento do Conselhão

Créditos: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (5/8), que o salário bruto que recebe como Chefe do Executivo Federal, no valor de R$ 46 mil, “não é muito”. A declaração foi feita durante a abertura da 5ª reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o Conselhão. Lula usou o momento para falar sobre a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo e para destacar a necessidade de uma tributação mais justa no Brasil.

Ao comentar a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, Lula detalhou seus próprios descontos, que reduzem seu salário líquido para cerca de R$ 21 mil. “Não pode a pessoa que vai comprar as coisas de comer pagar o mesmo Imposto de Renda que paga o Lula. Meu salário não é muito, não. Salário de presidente é R$ 46 mil, paga R$ 27 mil de Imposto de Renda, o PT me cobra R$ 4 mil na fonte, sobram R$ 21 mil. Não é fácil a vida. Ninguém me dá aumento, tenho que pedir para mim mesmo”, disse o presidente, arrancando risos da plateia.

Lula também aproveitou para brincar sobre a falta de aumento em seu salário, dizendo que, ao se olhar no espelho, sempre pede um aumento, mas se responde que isso não vai acontecer. Ele ainda fez uma piada com a ministra da Gestão, Esther Dweck, dizendo que ela só aprova aumentos para funcionários públicos.

Reforma do Imposto de Renda e justiça tributária

O presidente também abordou a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo, que tem como foco isentar aqueles que ganham até R$ 5 mil mensais, enquanto sugere aumentar a tributação sobre as pessoas de alta renda. Lula enfatizou que a mudança busca realizar uma “justiça tributária”, questionando a reação dos críticos da proposta: “Estamos querendo começar a fazer um pouco de justiça tributária. Não pode a pessoa que vai no mercado comprar as coisas de comer pagar o mesmo Imposto de Renda que paga o Lula.”

A reforma do Imposto de Renda é uma prioridade do governo, e a equipe econômica de Lula sugere que a nova legislação entre em vigor em 2026, caso seja aprovada ainda neste semestre pelo Congresso Nacional. Lula afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também é defensor da medida, que visa aliviar a carga tributária para os mais pobres e aumentar a contribuição dos mais ricos.

Conselhão e postura sobre a prisão de Bolsonaro

Lula fez essas declarações durante sua participação no Conselhão, um colegiado formado por empresários, ativistas e representantes da sociedade civil, que auxilia o governo na formulação de políticas públicas. A reunião aconteceu um dia após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro por descumprimento de ordens judiciais. Contudo, Lula preferiu não comentar sobre a prisão do antecessor, afirmando que não queria falar sobre o “cidadão que tentou dar um golpe”.

Próximos desdobramentos

A proposta de reforma tributária do governo continua gerando discussões, especialmente com a oposição e setores que temem o aumento da carga para as faixas de alta renda. O projeto ainda precisa passar pela avaliação e aprovação do Congresso Nacional, onde a pressão sobre os parlamentares deve intensificar-se nas próximas semanas.

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