Presidente critica investigação americana sobre comércio e diz que “não será um gringo que vai dar ordem”

Créditos: KEBEC NOGUEIRA/@kebecfotografo
Durante discurso no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não aceitará imposições externas sobre o Brasil. Em referência ao governo dos Estados Unidos, Lula declarou que “não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República”, em resposta à recente investigação americana sobre práticas comerciais brasileiras.
A declaração acontece em meio à abertura de uma apuração conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), que acusa o Brasil de adotar medidas desleais no comércio, afetando empresas norte-americanas. O movimento é considerado um agravamento das tensões diplomáticas entre os dois países.
Lula ressaltou que o Brasil prefere o caminho da negociação e comparou a situação a uma partida de truco. Segundo ele, “quando o cara truca, a gente tem que escolher, eu corro ou grito seis na orelha dele. Eu estou jogando. O Brasil gosta de negociação”, afirmou.
O presidente brasileiro também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, apontando-os como figuras que contribuíram para o endurecimento das medidas norte-americanas. Lula os classificou como “traidores da história deste país no século XXI”, acusando-os de ignorarem os prejuízos que a tarifação pode gerar à economia nacional.
A investigação dos EUA foi anunciada pouco após o presidente Donald Trump divulgar a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto. Em carta, Trump mencionou as ações do Supremo Tribunal Federal contra Bolsonaro, alegando que o ex-presidente estaria sendo alvo de uma “caça às bruxas”. Segundo Lula, o conteúdo do documento se resume a um ultimato: “Ou dá, ou desce”.
Entre os pontos criticados pelos norte-americanos estão o comércio digital, o sistema Pix e a venda de produtos falsificados. Para lidar com os impactos da decisão, o governo Lula tem buscado alternativas junto ao setor empresarial e ao Congresso, com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin. As tratativas incluem a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica, como forma de resposta às medidas anunciadas por Washington.