Com obras prestes a começar após um século de espera, o Túnel Santos-Guarujá representa não apenas um marco da engenharia brasileira, mas um avanço estratégico na mobilidade e saúde pública da Baixada Santista. A nova ligação, com 1,5 km de extensão — sendo 870 metros submersos sob o canal portuário — vai reduzir drasticamente o tempo de travessia entre os dois municípios, que hoje pode levar mais de uma hora, para cerca de cinco minutos.

Além da via para veículos, o projeto é inédito no país por prever uma integração multimodal: contará com faixas exclusivas para VLT, ciclistas e pedestres. Hoje, a travessia é feita principalmente por balsas, com média de 18 minutos de trajeto, sujeita a atrasos devido a fatores climáticos e tráfego de embarcações.

O impacto será direto na rotina de hospitais e pacientes. Um dos principais beneficiados será o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, referência regional em diversas especialidades. De acordo com a diretora técnica da unidade, Ana Beatriz Soares, o túnel trará agilidade vital para atendimentos emergenciais. “Recebemos gestantes de alto risco, como casos de diabetes e hipertensão, além de pacientes oncológicos em tratamento contínuo. A rapidez no deslocamento salva vidas”, ressaltou.

Ela também destacou que o túnel beneficiará não apenas os pacientes, mas também os profissionais de saúde. “Temos muitos funcionários que moram no Guarujá e vêm todos os dias para Santos. A logística faz parte da humanização do atendimento. Estamos falando de vidas”, afirmou.

Moradores da região compartilham da expectativa. Benjamin Nogueira Júnior, morador do Guarujá há 56 anos, acompanha sua sogra em tratamento contra o câncer em Santos e vê na obra uma transformação. “Tudo o que facilitar é bom demais. Imagine fazer esse trajeto em cinco minutos?”, disse, emocionado com a confirmação da construção do túnel, que ele considerava improvável até pouco tempo.

Paralelamente ao túnel, o sistema de travessias por balsa também passará por modernização. A concessão à iniciativa privada prevê a substituição da frota a diesel por embarcações 100% elétricas, construção de novos terminais e mais conforto aos passageiros, com melhorias como ambientes climatizados e banheiros adaptados.