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Brasília sendo Brasília. Um dia você é massacrado. No outro, recebe apoio e acaba abraçado. Foi assim com o deputado Glauber Braga.
Na tarde de terça-feira (9), sob risco de ter seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) resolveu chamar atenção de forma dramática: sentou na cadeira da presidência da Câmara dos Deputados e se recusou a sair. O objetivo, segundo Braga, era protestar contra a inclusão de seu processo de cassação na pauta — ele era acusado de ter empurrado e chutado o militante Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro da Câmara em abril de 2024, episódio que desencadeou o processo no Conselho de Ética.
O protesto ganhou contornos de confronto. Braga permaneceu na mesa diretora por cerca de uma hora, desafiando a ordem de saída — ao ponto de a Polícia Legislativa fechar o acesso ao plenário e, posteriormente, retirá-lo à força do local. Imprensa e assessores foram expulsos do plenário, e a transmissão da TV Câmara foi interrompida, deixando o público sem sinal enquanto a confusão se desenrolava.
Após ser removido, Braga declarou à imprensa que nunca tinha visto a TV Câmara ser cortada para impedir que as pessoas vissem o que acontecia no plenário, e criticou o tratamento dado a ele em comparação com outros episódios de ocupações no Legislativo.
#GlauberFica
O episódio repercutiu rapidamente fora da Casa. Nas redes sociais, uma série de artistas brasileiros se mobilizou em apoio à permanência do deputado, repetindo a hashtag #GlauberFica em vídeos e declarações públicas. Entre os nomes que participaram da campanha estão Cláudia Abreu, Paulo Betti e Marco Nanini, entre outros, pedindo que o mandato de Braga fosse preservado e criticando a possível cassação.
No dia seguinte, a cena mudou. Em votação apertada no plenário da Câmara, o que poderia ter sido uma cassação acabou se transformando em suspensão por seis meses. A emenda que substituiu a perda do mandato pela suspensão foi acolhida, e a Casa aprovou a penalidade de afastamento temporário — uma derrota para os que queriam cassar Braga, mas um alívio para aliados que temiam a perda definitiva de direitos políticos.
