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Maria Beatriz, filha de María Corina, recebeu o Nobel da Paz em nome da mãe, enquanto sua foto foi estampada durante a cerimônia, simbolizando sua luta pela liberdade na Venezuela
Maria Beatriz, filha de María Corina, recebeu o Nobel da Paz em nome da mãe, enquanto sua foto foi estampada durante a cerimônia, simbolizando sua luta pela liberdade na Venezuela
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María Corina Machado, uma das principais líderes da oposição venezuelana, viveu de maneira clandestina por boa parte do último ano, evitando a prisão e a perseguição do regime de Nicolás Maduro. Proibida de sair da Venezuela por uma ordem do governo, que impôs uma proibição de viagem de dez anos, Machado teve que tomar medidas drásticas para conseguir deixar o país e seguir seu destino para Oslo, na Noruega, onde deveria receber o Prêmio Nobel da Paz.

Filha chegou a tempo

Na terça-feira (9), com a ajuda de aliados internacionais, María Corina conseguiu deixar secretamente a Venezuela, embarcando em uma viagem de barco para Curaçao, um território caribenho. De lá, ela planejaria seguir para a Noruega, mas o atraso em sua viagem impediu que ela chegasse a tempo para a cerimônia de premiação, que aconteceu nesta quarta-feira (10). Sua filha, Maria Beatriz, estava presente para ler um discurso em nome de sua mãe, emocionando a todos os presentes.

Em uma comunicação com o Comitê Nobel, Machado expressou sua gratidão pelo reconhecimento e destacou o quanto a vitória representa para o povo venezuelano. Ela falou sobre as dificuldades que enfrentou e as inúmeras pessoas que arriscaram suas vidas para ajudá-la a viajar até Oslo. Apesar de não ter chegado a tempo para a cerimônia, ela garantiu que estava a caminho da Noruega, em um gesto simbólico de sua determinação e resistência contra o regime de Maduro.

Discurso

Em seu discurso, lido por sua filha na cerimônia, María Corina revisitou a história da Venezuela, destacando a transição de um país que foi uma das democracias mais estáveis da América Latina para o regime autoritário que tomou o poder com Hugo Chávez, em 1999, e que foi perpetuado por Nicolás Maduro. Ela acusou o regime de desmantelar o país, corromper as Forças Armadas, manipular eleições e perseguir a oposição. Não mencionando diretamente Chávez ou Maduro, Machado falou sobre o “saque histórico” e como o governo usou o dinheiro do petróleo para comprar lealdades externas, enquanto o Estado se fundia com o crime organizado e grupos terroristas.

Ela também abordou a “ferida aberta” causada pela migração em massa dos venezuelanos, forçados a deixar o país devido à repressão e à escassez de recursos. Em uma crítica contundente ao regime, María Corina acusou o governo de tentar dividir a população, tornando os venezuelanos desconfiados uns dos outros, e de impor um clima de terror, com sequestros, torturas e exílios forçados.

Expectativa

Além de ser uma das vozes mais importantes da oposição, María Corina foi candidata à presidência da Venezuela em 2013, mas sua trajetória foi marcada pela constante repressão e pela tentativa de silenciamento por parte de Maduro. A decisão do governo de não permitir sua candidatura nas eleições de 2024 foi um golpe duro para ela e seus aliados, mas não impediu que o movimento de oposição seguisse em frente. Durante o processo eleitoral, o opositor Edmundo González Urrutia foi eleito, mas enfrentou uma dura repressão do regime, com mais de 2.500 pessoas sequestradas, desaparecidas ou torturadas, além da perseguição a diversos setores da sociedade, como padres, professores e enfermeiros.

Com a vitória do Nobel, a expectativa é que María Corina, caso o regime de Maduro caia, possa se tornar uma das lideranças mais importantes da Venezuela, unindo a oposição e conduzindo o país de volta à democracia. A sua determinação e coragem continuam sendo um símbolo de resistência para os venezuelanos que lutam por liberdade e justiça.

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