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Levantamento mostra o descompasso entre quem a população cobra e quem realmente detém recursos e competência legal para executar políticas públicas essenciais.
A Associação Mineira de Municípios (AMM) apresenta, nesta sexta-feira (5/12), durante café com a imprensa, os resultados de uma pesquisa realizada pela Opus Pesquisa. O levantamento confirma um cenário já percebido pelos gestores: os prefeitos são os mais pressionados pelos cidadãos, embora grande parte das demandas recaia, por lei e orçamento, sobre os governos estadual e federal.
Apesar de avaliar de forma distinta o desempenho dos três níveis de governo, a população continua direcionando ao prefeito a cobrança por serviços que não são de responsabilidade municipal, como saúde de média e alta complexidade, segurança pública, obras estruturantes, manutenção de estradas estaduais e políticas educacionais estaduais e federais.
De acordo com o estudo encomendado pela AMM, o prefeito é o gestor mais próximo e acessível, sendo o primeiro a quem o cidadão recorre. Outro problema é que Estado e União repassam atribuições aos municípios sem o devido financiamento, o que gera déficits, sobrecarga e expectativas impossíveis de atender apenas com recursos locais.
Atualmente, cerca de 70% de tudo que o brasileiro paga de impostos fica em Brasília, aproximadamente 20% com o Estado e o restante, cerca de 10%, com os municípios.
A pesquisa ouviu 1.000 mineiros, presencialmente, entre 31 de outubro e 6 de novembro de 2025, com margem de erro de 3,2 p.p. e 95% de confiança. A amostra representa os 21,3 milhões de habitantes de Minas Gerais, contemplando todas as regiões e variáveis demográficas e socioeconômicas.
O estudo traça um panorama da percepção dos mineiros sobre o clima social, a avaliação dos governos, as principais demandas da população e a qualidade dos serviços públicos.
A AMM utilizará os dados para orientar prefeitos na definição de prioridades, reforçar junto aos governos estadual e federal a necessidade de repasses adequados e ampliar o debate sobre municipalismo, autonomia e financiamento público.
AMM defende revisão do pacto federativo
Para a entidade, os resultados reforçam a urgência de um pacto federativo mais claro e equilibrado. Hoje, a União concentra receitas, o Estado transfere atribuições e o município, elo mais cobrado da cadeia, recebe menos recursos para executar políticas públicas essenciais.
A AMM ressalta que municípios arcam com despesas crescentes em saúde, educação e assistência social, além de programas federais e estaduais que chegam subfinanciados, obrigando prefeituras a complementar gastos. Por sua vez, a população atribui aos prefeitos responsabilidades que pertencem aos demais entes.
