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Após visitar Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal em Brasília, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que o pai está vivendo “num verdadeiro cativeiro” e relatou uma série de problemas de saúde que, segundo ele, teriam se agravado desde o início da prisão. A entrevista, dada à imprensa logo após a visita, trouxe detalhes sobre o cotidiano do ex-presidente dentro da cela especial e um apelo para que as autoridades autorizem prisão domiciliar humanitária.
Segundo Flávio, Bolsonaro voltou a apresentar crises de soluço prolongadas, além de episódios de refluxo durante a noite. Ele afirmou que o pai “chegou a ficar cerca de 40 minutos” com soluços constantes e relatou incômodo na região da virilha.
“Ele estava ali reclamando de dor na virilha”, disse o senador, acrescentando que Bolsonaro aguarda “a volta do médico a Brasília para uma nova avaliação”.
O parlamentar também alegou que o ex-presidente estaria sendo mantido trancado em uma sala de 12 m² por ordem militar, podendo sair “apenas por um curto período para fazer caminhada”. A área, segundo Flávio, é extremamente limitada:
“Ele dá dez passos para um lado, dez para o outro e acabou o espaço. É uma pessoa que tem recomendação médica para fazer exercício.”
Flávio ainda criticou a localização da sala usada para a custódia.
“A sala onde ele está fica do lado do aparelho central de ar-condicionado do prédio. É uma barulheira de 7 da manhã às 7 da noite … Uma pessoa idosa, com problemas de saúde, continua sendo mantida num lugar como esse. Como um cativeiro. Isso é desumano.”
O senador disse que a família está fornecendo alimentação especial ao ex-presidente, seguindo orientação médica sobre o fluxo intestinal dele. Segundo ele, houve uma “ordem truncada” que teria dificultado a entrega da comida em determinado momento, mas a situação foi “rapidamente contornada”.
Flávio fez um apelo direto às autoridades:
“Peço que tenham o mínimo de humanidade com uma pessoa honesta e inocente que está aqui sem merecer. Dêem a ele o que é de direito. Ele tem um tratamento pior do que chefe de facção criminosa no Brasil.”
Ele reforçou que não se trata apenas de um pedido emocional, mas de um alerta médico.
“Isso aqui não é um filho falando algo para tentar fazer com que o pai saia daqui. Eles não estão dando a seriedade necessária para a situação da saúde dele.”
Divergências políticas internas e reconciliação com Michelle Bolsonaro
Na mesma entrevista, Flávio comentou o episódio recente envolvendo Michelle Bolsonaro e a crise no PL após divergências sobre o palanque no Ceará. O senador afirmou ter conversado com a ex-primeira-dama e pedido desculpas:
“A conversa foi boa. É assim que a gente resolve as coisas: com conversa franca.”
Ele disse que o partido criará uma rotina de tomadas de decisão em conjunto, garantindo que Jair Bolsonaro terá a palavra final nas definições eleitorais estaduais.
“Não existia decisão nenhuma tomada sobre o Ceará. As coisas serão definidas com ele. E ele falará qual é a decisão.”
Flávio aproveitou também para negar que tenha havido apoio formal ao ex-ministro Ciro Gomes, dizendo que eram apenas “conversas” e que não houve anúncio oficial.
Pressão por anistia e críticas ao Congresso
Flávio Bolsonaro voltou a defender o projeto de anistia aos investigados e condenados pelos atos de 8 de janeiro, afirmando que o processo precisa ir a voto e que o debate “está interditado” no Legislativo.
“O plenário é soberano. Quem tiver maioria vence o debate. O que não pode é não pautar nunca.”
Ele afirmou que procurará novamente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, para relatar “a situação preocupante” do pai e exigir avanço na pauta.
Pedido final: domiciliar humanitária
Encerrando a entrevista, Flávio reforçou o pedido por uma prisão domiciliar humanitária, destacando a fragilidade do pai:
“Ele não tem a menor condição de ficar num lugar como esse. Precisa de atenção 24 horas por dia. Pelo menos em casa haveria pessoas para cuidar dele, como recomenda o médico. Bolsonaro é um inocente que não merece estar passando por isso.”
O senador deixou a PF dizendo que voltará a pressionar por uma solução rápida:
“A gente vai continuar batalhando. Não dá mais para alimentar indecisão.”
