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Um jovem de 19 anos morreu após invadir o recinto de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara — a tradicional “Bica” — em João Pessoa (PB). Segundo a Polícia Civil, ele escalou uma estrutura de mais de seis metros, ultrapassou as grades de proteção e chegou até a área interna onde o animal estava. Logo após a invasão, a leoa atacou o rapaz, que não resistiu aos ferimentos.
O parque estava aberto à visitação e recebeu socorro imediato, mas nada pôde ser feito. A área foi isolada, o animal contido e o parque fechado. A perícia e os órgãos de segurança foram acionados, e um procedimento interno foi aberto para investigar como a invasão ocorreu e se houve alguma falha de segurança.
De acordo com relatos colhidos pela polícia, a escalada até o recinto teria sido feita de forma intencional, como se o jovem soubesse exatamente os riscos que estava correndo. A possibilidade de um ato extremo — até mesmo suicídio — não está descartada pelas autoridades e será analisada pela investigação.
Vaqueirinho
O jovem era conhecido na região pelo apelido de “Vaqueirinho” e já tinha 16 passagens pela polícia — 10 delas quando era menor de idade e outras 6 já na fase adulta.
Nos últimos dias, ele havia sido preso duas vezes: primeiro, por arremessar pedras contra uma viatura da Polícia Militar; depois, por quebrar caixas eletrônicos no Centro de João Pessoa. As autoridades informaram que ele apresentava sinais de transtornos mentais e chegou a ser encaminhado para atendimento psicológico.
A sucessão de ocorrências indica um padrão de comportamento de risco e episódios repetidos de conflito com o poder público. Moradores afirmam que ele aparecia com frequência na região central da cidade e que seu comportamento chamava atenção.
A relação de João Pessoa com a Bica e a leoa Leona
O Parque Zoobotânico Arruda Câmara, conhecido como Bica, é um dos espaços mais tradicionais de João Pessoa e parte importante da identidade da cidade. Criado oficialmente em 1922, o local reúne zoológico, áreas de preservação ambiental e projetos educativos, recebendo cerca de 350 mil visitantes por ano, entre moradores, turistas e escolas. A leoa Leona chegou ao parque por meio de um programa de cooperação com outro zoológico brasileiro, já adulta, para reforçar ações de preservação e educação ambiental. Desde então, tornou-se uma das figuras mais conhecidas da Bica — muitos visitantes registravam vídeos e fotos com ela, e Leona era frequentemente citada como um dos símbolos do zoológico e da relação afetiva da cidade com o espaço.
Trabalho de resgate e remoção do corpo
Depois do ataque, a cena dentro do recinto ficou tensa e exigiu uma operação delicada para afastar a leoa Leona e permitir a retirada do corpo. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um policial militar efetuando disparos de advertência para assustar o animal, enquanto um funcionário da Bica utiliza um extintor de incêndio, soltando jatos e fumaça para encurralar a leoa e fazê-la recuar para a parte oposta do recinto.
Só depois desse movimento combinado, com a área temporariamente controlada, equipes da Polícia Militar, funcionários do parque e socorristas conseguiram entrar, isolar o local e realizar a remoção do corpo, que foi levado ao Instituto de Polícia Científica (IPC). Durante todo o procedimento, o parque permaneceu fechado ao público e a área em torno do recinto foi isolada.
Segue fechado
O zoológico segue fechado enquanto as investigações são realizadas. A Prefeitura afirmou que o recinto da leoa atende às normas técnicas, possui barreiras físicas elevadas e sinalização de risco. Mesmo assim, o caso reacendeu o debate sobre a segurança de espaços públicos que recebem um grande número de visitantes.
Especialistas em manejo de animais e segurança de zoológicos defendem que estruturas naturais, como árvores próximas aos recintos, devem ser reavaliadas para prevenir qualquer nova tentativa de invasão — seja por imprudência, curiosidade ou vulnerabilidade emocional.
