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A credibilidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) voltou a ser alvo de questionamentos após a repercussão de uma live publicada cinco dias antes da aplicação da prova de Matemática e Ciências da Natureza. Na transmissão, o estudante de Medicina Edcley Teixeira resolveu questões que, segundo comparativos feitos por alunos nas redes sociais, eram muito semelhantes — e em alguns casos quase idênticas — às que apareceram na prova oficial.

As semelhanças geraram pressão pública e política. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu anular três questões do exame e acionou a Polícia Federal para investigar o caso. Segundo o órgão, ainda não há indícios de vazamento integral, mas a possibilidade de quebra de sigilo está sob análise.

Quem é Edcley Teixeira

Cearense e estudante de Medicina, Edcley atua como mentor de cursinho preparatório para o Enem e produz conteúdos para alunos na internet. Ele afirma ser capaz de “prever” o que pode cair no exame com base em:
— memorização de pré-testes do Inep,
— análises da Teoria de Resposta ao Item (TRI),
— estudo de autores de questões usadas em anos anteriores.

Ele nega ter tido acesso ilegal ao banco de dados do Enem, mas suas explicações têm sido contestadas por especialistas e parlamentares. O vídeo da live foi apagado após viralizar.

O ponto que aumenta a polêmica

O nome de Edcley ganhou ainda mais repercussão porque, em 2024, ele recebeu R$ 5 mil pelo Prêmio CAPES Talento Universitário, programa ligado ao Ministério da Educação (MEC). Segundo ele próprio, foi nesse programa que teve contato com pré-testes do Inep — os mesmos que afirma ter memorizado e usado para compor parte do seu curso preparatório.

Após a repercussão do caso, publicações sobre essa premiação foram apagadas das redes sociais, inclusive em perfis oficiais do Ministério da Educação no LinkedIn. O jornal O GLOBO relatou ter acessado o material antes da remoção. Também desapareceram conteúdos no Instagram, X e Facebook.

A remoção dos posts levantou um questionamento central: se não houve irregularidade, por que o material foi retirado das redes após a polêmica?

O que dizem o MEC e o Inep

Em nota oficial, o Inep declarou que:
— os protocolos de segurança foram mantidos;
— três questões foram anuladas “por precaução”;
— a validade do exame está preservada;
— a investigação está sob responsabilidade da Polícia Federal.

O órgão reforçou que o uso de questões pré-testadas é permitido dentro da metodologia da TRI e que “similaridades pontuais não significam vazamento”.

O que ainda não está esclarecido

Especialistas e parlamentares apontam pontos que ainda precisam de resposta oficial:
— quais foram exatamente as questões anuladas;
— se Edcley teve acesso a conteúdos restritos ou a materiais públicos;
— por que publicações oficiais sobre o prêmio concedido a ele foram apagadas;
— e se outros cursinhos também utilizam itens de pré-testes sem o conhecimento do público.

Investigação em andamento

A Polícia Federal vai apurar se houve quebra de sigilo do banco de questões do Enem e se houve favorecimento comercial por meio de cursos preparatórios. O episódio reacende a discussão sobre a segurança do exame, que já enfrentou um vazamento confirmado em 2009 e falhas pontuais em outras edições.

Enquanto a investigação avança, o MEC e o Inep afirmam que os candidatos não serão prejudicados nos cálculos finais de nota e que a prova segue válida em todo o país.

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