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A Casa das Culturas de Santos, localizada no bairro Vila Nova, foi palco, na tarde de terça-feira (18), do lançamento do livro Meu Andar com a Capoeira: Construção de um Legado, de autoria de Roberto Teles, o Mestre Sombra. Reconhecido nacional e internacionalmente, ele é uma das maiores referências da capoeira no Brasil e fundador da Associação Senzala Santos.
O evento fez parte da programação do Mês da Consciência Negra e destacou a importância da ancestralidade e da cultura afro-brasileira, com ênfase na trajetória do mestre sergipano radicado em Santos desde 1962.
“Esse legado, no meu entender, é o que você fez de bom e que este bom venha fortalecer aqueles que virão”, afirmou Mestre Sombra ao refletir sobre o significado da obra. O livro reúne memórias, ensinamentos, lutas e a filosofia que o consolidou como símbolo de resistência, identidade e coletividade dentro da capoeira.
A professora da Unifesp e assistente social Francisca Rodrigues, uma das responsáveis pela organização do livro, explicou que o processo foi construído respeitando o tempo do mestre, com acesso cuidadoso ao rico material acumulado ao longo dos anos.
Wellington Araújo, presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, destacou o impacto do mestre em sua vida. “Cresci ouvindo suas histórias. É motivo de muita alegria estarmos aqui. Somos feitos dessa terra e temos que reverenciar nossas referências”, disse.
Flávio Viegas Amoreira, poeta e curador da Casa das Culturas, exaltou a capoeira como expressão de poesia e resistência afrodescendente. “Graças à luta e à pedagogia do Mestre Sombra, temos conseguido abrir brechas contra o racismo sistêmico e avançar no reconhecimento dessas culturas que ajudaram a formar uma civilização”, afirmou.
Natural de Santa Rosa de Lima (SE), Mestre Sombra chegou a Santos em 1962. Iniciou sua trajetória na capoeira no grupo Bahia do Berimbau, e, após assumir a liderança da Associação Zumbi, fundou a Senzala em 1974. Desde então, já formou mais de 5 mil capoeiristas e difundiu a capoeira no Brasil e no exterior, com frases que traduzem sua filosofia, como “Jogar capoeira é pôr o corpo em oração”.
